O que são dominantes secundários?

Sabe aquelas coisas que parecem ser muito complicadas, mas na verdade são bem simples? É exatamente isso que acontece com os acordes dominantes secundários. A primeira vez que ouvi falar sobre eles, confesso que fiquei perdido. Mas depois de entender como eles funcionam, percebi que são fundamentais para dar mais emoção e movimento às músicas.

Definição

Acordes dominantes secundários são os acordes que preparam os graus diatônicos. Calma, não se desespere se não sabe o que são graus diatônicos! Os graus diatônicos de uma escala são as notas que formam a escala e estão dentro de uma mesma tonalidade. Por exemplo, se estamos em dó maior o primeiro grau da escala é dó, segundo é ré e assim sucessivamente, sendo todos naturais, já que na armadura de dó maior não há nenhum acidente. Já no tom de ré maior, as notas diatônicas são ré, mi, fá sustenido, sol, lá, si e dó sustenido. Se ficou com dúvida dá uma olhada em nossos vídeos  sobre tonalidades (Escalas maiores naturais e Escalas maiores nas demais tonalidades).

Mas aí você deve estar se perguntando: “ok, mas e os acordes dominantes secundários?”. Calma, que eu explico. Assim como temos uma escala de notas, podemos montar uma escala de acordes dentro do campo harmônico de cada tonalidade. E a dominante é a quinta nota da escala. Em dó maior, por exemplo, seria o sol com sétima (G7). Já em ré maior, seria o lá com sétima (A7).

A dominante, por sua vez, prepara a tônica, que é o primeiro grau da escala. E é aí que entram os acordes dominantes secundários. Eles são as quintas de cada acorde. Por exemplo, no campo harmônico de dó maior, para ir de C para Dm, podemos preparar com o A7, que é a quinta de ré. E assim sucessivamente, até chegar em Am, que é a tônica da tonalidade.

O único grau da escala que não é usual prepararmos com acorde dominante secundário é o sétimo grau. No caso do campo harmônico de dó maior, seria o B meio diminuto. Isso porque é um acorde instável, e sua quinta é o fá sustenido, que não é diatônico do tom de dó maior.

Mas por que tudo isso é importante? Porque os acordes dominantes secundários dão uma sensação de resolução à música, o que cria uma tensão que é muito interessante. Eles são muito usados em músicas de jazz e de blues, por exemplo. Mas é claro que podem ser usados em diversos outros gêneros musicais, como o rock e o pop.

Escalas de Acordes

Da mesma forma que temos uma escala de notas, podemos montar uma escala de acordes dentro do campo harmônico de cada tonalidade (dê uma olhada no nosso post de campos harmônicos- Link). Para simplificar, a dominante é a quinta nota da escala ou no caso da escala de acordes é o quinto grau da escala. Em dó maior seria o sol com sétima (G7), em ré maior seria o lá com sétima (A7). Assim como a dominante prepara a tônica que é o primeiro grau da escala, os dominantes secundários são as quintas de cada acorde. Assim, no campo harmônico de dó maior para ir de C para Dm, posso preparar com o A7 que é a quinta de ré, para ir de Dm para Em, preparamos com o B7 que é a quinta de E, de Em para F preparamos com o C7 que é a quinta de F, de F para G preparamos com D7 que é quinta de G e de G para Am preparamos com E7 que é a quinta de A. O único grau da escala que não é usual prepararmos com acorde dominante secundário é o sétimo grau no caso do campo harmônico de dó maior, seria o B meio diminuto por ser um acorde instável. Além disso, sua quinta é o fá sustenido que não é diatônica do tom de dó maior.

Exemplo

Na música saudades da Bahia de Dorival Caymmi, há alguns trechos com uma sequência de dominantes secundários. Do compasso 11 até o final do trecho abaixo temos as seguintes sequências de acordes: Gm7 preparando C7 que por sua vez prepara F7 que prepara Bb7 que prepara Eb.

Trecho saudades da Bahia de Dorival Caymmy

Aprenda a modular de um tom a outro – Fórmulas de Modulação

Imagem: Pixabay.com/StockSnap

No nosso post anterior começamos a falar sobre modulação. Neste vamos exemplificar como a modulação de um tom para outro pode ser feita com encadeamentos de acordes de sétima da dominante onde o acorde que precede é sempre a quinta com sétima do acorde que o segue. No primeiro compasso iniciamos com C7 que é a quinta de fá, usamos então o F7 que é a quinta de Bb7 que por sua vez é a quinta de Eb7 e assim sucessivamente. Desta forma temos uma sequência que passa pelos 12 tons fechando o ciclo das modulações no acorde final de C6 (a sexta aqui é apenas um jazzístico, poderia ser o acorde maior sem problemas).

Enarmônicos

Vale apena comentar que no quarto compasso, o acorde de Cb7 é enarmônico do acorde de B7. A mudança de notação aqui é para simplificar a notação no pentagrama conectando o lado dos bemóis ao lado dos sustenidos no ciclo das quintas. Fizemos então a ligadura dos dois acordes já que possuem o mesmo som.

Fórmulas para modular

A seguir compartilhamos algumas fórmulas modulantes de acordo com o intervalo formado entre as notas das duas tonalidades. Os exemplos estão na tonalidade de dó maior e logo abaixo de cada fórmula listamos a nomenclatura em graus da escala maior. Estes exemplos podem ser transpostos para as tonalidades de seu interesse.

Referência Bibliográfica: Jazz Harmonia. Koellruetter, H.J. 1960.