Como escrever partitura para Bateria usando o Musescore

Olá bateristas de plantão!  Hoje vamos falar sobre como escrever o arranjo usando o software de edição de partituras Musescore 3. A notação musical para a bateria pode ser feita usando a clave de fá ou a clave rítmica como comenta Carlos Almada em seu livro  Arranjo (Editora da Unicamp). Ao se usar a clave de fá ela não dará nome às notas da escala diatônica  ( dó, ré, mi, fá, sol, lá e si), mas vai indicar as partes da bateria. No entanto, a clave rítmica é a mais usada, já que é tradicionalmente usada na escrita musical para percussão.

Partes e notação da Batera

A figura a seguir mostra as partes de uma bateria convencional com seu respectivo nome em inglês e à sua direita uma pauta rítmica mostrando como é a notação de cada uma das partes. Há baterias com mais tom tons, mais pratos ou até mesmo com dois bumbos, mas vamos nos ater neste post ao mais básico que encontramos e que representa a grande maioria dos casos.

partes da bateria e sua notação na partitura
Partes da bateria e sua notação na clave rítmica

O bumbo é o tambor mais grave, acionado por um pedal e usado na marcação. O chimbal também é chamado de contratempo e é basicamente dois pratos sobrepostos por um mecanismo semelhante ao do bumbo que fazem o efeito de abrir e fechar. Desta forma, sua notação mostra basicamente três posições: aberto, fechado e acionado pelo pé. 

A caixa é o tambor mais agudo da bateria e alguns arranjos fazem uso da sonoridade do aro o que leva a notação da caixa que é feita no terceiro espaço de baixo para cima a ter duas variantes sendo que a forma em “x” representa o som do aro.

Os tom tons em geral são dois, sendo um grave e outro agudo, mas há opção de agregar mais tons à bateria o que aumentam as possibilidades. O surdo também é conhecido como tom tom de chão ou Floor tom no inglês, mas no Brasil a nomenclatura “surdo” tem sido amplamente utilizada.

Os principais pratos são o de ataque ou crash cymbal no inglês e o de condução, ride cymbal no inglês. 

Criando uma partitura no Musescore

O Musescore  é um software de edição de partitura gratuito e possui a funcionalidade para que possamos escrever arranjos para bateria. Depois de concluir o arranjo, você pode imprimí-lo ou exportá-lo para MIDI ou até mesmo arquivo de áudio como por exemplo, o mp3.

Para criar uma partitura de bateria, abra o programa, vá em Arquivo e escolha a opção Novo ou apenas clique no ícone com um + indicado na figura a seguir.

Criando uma nova partitura no Musescore
Criando uma nova partitura no Musescore

Isso irá abrir uma janela que solicitará informações de sua partitura como título, autor, etc. Você não precisa preencher tudo. Depois vá na opção próximo e novas opções irão aparecer.

Tela inicial do assistente de configuração do Musescore
Tela inicial do assistente de Configuração

Na opção Geral selecione Escolha Instrumentos e pressione novamente a opção Próximo da janela.

Inserindo instrumentos na partitura- Musescore
Inserindo instrumentos na partitura

Adicionando a bateria à partitura

Agora aparecerão as opções de instrumentos. Você vai encontrar a bateria nos instrumentos de Percussão com alturas definidas. Selecione e clique em Adicionar do lado direito.

Adicionando a bateria na partitura
Adicionando a bateria

Escolhendo o beat e a fórmula de compasso

A opção Finalizar ficará disponível após esta ação e você pode então finalizar a partitura ou ainda clicar em próximo que levará a uma nova tela que permite escolher o beat da música. Uma tela mais e você pode escolher o compasso (4/4, ¾, etc.). Recomendo que você defina estas configurações antes de começar escrever a sua música. De qualquer forma, é sempre possível alterar estas configurações posteriormente.

Escolhendo o beat e a armadura de clave no Musescore
Escolhendo o beat
Definindo a f´romula de compasso no Musescore 3
Escolhendo a f´ormula de compasso

Inserindo as notas

Sua partitura foi criada. Agora basta inserir as notas e para fazer isso, clique primeiro na figura que define a duração da nota e a seguir no ícone de inserir nota destacado na figura a seguir.

Inserindo notas na partitura para bateria
Inserindo as notas

Isso irá abrir na parte inferior da tela as opções das partes da bateria. Basta escolher o que você precisa e ir inserindo as notas.

visualizando e escolhendo as partes da bateria no Musescore
Visualizando e escolhendo as partes da bateria

Posicione o mouse sobre as figuras sem clicar e aparecerá o texto mostrando  qual peça da bateria a figura representa (bumbo, caixa, aro, chimbal, etc).

Veja nosso vídeo sobre o assunto deste post

Para Saber Mais

Bateria Contemporânea: Técnica e Ritmos – Jayme Pladevall.

Bateria para Leigos – Jeff Strong.

Teoria Musical para Bateria – Léo Bandeira.

Learn to Play the Drums. A step by step guide. Simon Bridgestock.

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O que é e pra que serve a medida de decibeis?

Foto: Bruno Glatch (Pixabay)

É importante conhecer alguns conceitos básicos sobre áudio para quem vai gravar, mixar ou masterizar áudios. Comecemos pelo conceito de decibel que descreve de forma bastante eficiente nossa percepção em relação ao som. Quando ouvimos uma música ou um ruído, nosso ouvido capta a pressão do ar e o converte em sinais elétricos que são enviados ao cérebro. As variações de pressão do ar são percebidas de forma não linear, ou seja, quando há aumento ou diminuição da pressão ou potência do som nossa percepção de intensidade segue uma escala logarítmica, a mesma usada para medir terremotos. vamos usar essa analogia para entender este conceito. Um pequeno tremor pode ser classificado como 3 na escala Richter pode ser sentido mas não causa danos,  um tremor de escala 4 pode ter choque entre objetos e um tremor na escala 5 pode causar danos a um edifício. O que quero mostrar é que a força necessária para classificar um tremor aumenta muito mais do que o que a escala mostra. O aumento da destruição é exponencial e matematicamente as funções exponenciais são resolvidas com o uso do logaritmo. Bem, isso é só pra explicar que quando ouvimos um som que está a um nível de 50 dB (decibéis) seria como o barulho de chuva que é bastante agradável, mas se dobramos para 100 dB, a nossa percepção é um som que é muito mais que o dobro, ou seja, 100 dB é o ruído de um helicóptero. Mas afinal o que é o decibel? Na verdade, decibel não é uma unidade física como as outras, ele é adimensional, mas convencionou-se a dar um nome a esta escala para fazer referência ao som, da mesma forma que a escala Richter relaciona-se a tremores. O que a escala mede na verdade, é a variação da intensidade do comparando-a com uma intensidade de referência. A unidade é uma homenagem a Alexander Graham bell, mas ao expressar esta escala em Bels os valores calculados são muito pequenos, então convencionou-se a usá-los multiplicados por 10. Assim como dm é a décima parte do metro, decibel é a décima parte do Bel, ou seja, 0,1 m é o mesmo que 1 dm e 01, Bel é o mesmo que 1 dB.  A referência de pressão sonora para o silêncio é um número extremamente pequeno, mas não é zero porque o que vamos analisar é a razão entre a intensidade que queremos medir e a nossa referência ou I/Iref, e se você se lembra das aulas de matemática o denominador não pode ser zero e da mesma forma, o logaritmo também não.

Em se tratando de ruído, o que se deseja é atenuá-los e para isso é preciso medir a pressão sonora e representá-la na escala de decibéis o que é feito usando-se um decibelímetro. Há diversos aplicativos de celular que funcionam bem para medições de campo. Para o caso de medições com maior precisão ou para laudos é necessário um equipamento calibrado. Para quem quer tocar sua música e não incomodar os vizinhos, ou se vai rolar aquele ensaio até altas horas é importante medir a intensidade sonora na divisa do seu imóvel para evitar maiores problemas. Para se ter uma ideia de que valores são aceitáveis, a legislação brasileira baseia-se na Norma Brasileira (NBR) 10.151/2000, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). de acordo com esta norma, o ruído em áreas residenciais não deve ultrapassar  55 decibéis para o período diurno, das 7h às 20 horas, e 50 decibéis para o período noturno, das 20h às 7 horas. Se o dia seguinte for domingo ou feriado o término do período noturno não deve ser antes das 9h. Já as regras condominiais regulamentam a limitação do barulho após às 22h. Para poder tocar aquele som sem reclamação, então, é preciso fazer o isolamento acústico do local.

Muita gente confunde isolamento acústico com tratamento acústico, mas eles são bastante diferentes. O isolamento acústico vai barrar o som enquanto o tratamento vai eliminar problemas indesejáveis como por exemplo a reverberação, que é o eco, durante as gravações. Quando o assunto é não incomodar, meça o nível de intensidade sonora dentro do local e depois do lado de fora com as portas fechadas. Depois meça na divisa da propriedade que é onde deve atender a lei. Naturalmente, dentro do local onde a banda está tocando as medições serão superiores aos 50 dB permitidos em áreas residenciais, mas se ao fechar as portas e janelas este valor não for atingido você precisa de um isolamento. Alguns materiais ajudam bastante isolar o som tais como paredes sólidas, quando for possível paredes duplas, revestimentos com lã de rocha, etc. No entanto, o vilão do isolamento acústico é o vazamento do som através de frestas, fechaduras, janelas, etc. Para um bom isolamento é preciso gastar um pouco. Portas e janelas com vedação de borrachas, vidros duplos ou preenchidas com lã de rocha são algumas das soluções. Em geral é possível minimizar com alguns truques, mas para um isolamento bem feito é necessário contratar um profissional.

Para se ter uma ideia dos níveis de ruído, vamos comparar os níveis de decibéis com diversas situações do dia a dia:

Cochichar – 10 dB

Conversa – 20 dB

Bebê chorando – 55 dB

cachorro latindo- 65 dB

ruído de moto – 95 dB

Banda tocando – 110 dB

Britadeira – 130 dB

Turbina de avião- 135 dB

Se o assunto não é incomodar os vizinhos, mas se é o contrário, ruído de trânsito, conversas, crianças brincando podem atrapalhar seu trabalho de gravação. Nestes casos o isolamento também é importante. Já o tratamento do som irá melhorar a gravação. O tratamento mais comum é o uso de espuma acústica que vai absorver a energia acústica do ambiente e “matando” a reverberação. Há casos em que o reverb é necessário ou que se deseje que o som gravado tenha mais brilho. Enfim, há uma série de parâmetros a serem analisados de acordo com cada caso e da mesma forma, há uma infinidade de soluções para cada tipo de problema o que também requer a contratação de um profissional se o seu projeto é algo profissional. Para estúdios caseiros vale a tentativa e erro. Coloque mais ou menos espuma, grave, ouça, altere, grave de novo.

A unidade de decibéis também são utilizadas nos softwares de gravação de áudio, mas nestes casos, os valores que aparecem não são valores de nível de som, mas de ganho e atenuação. Quando fazemos uma gravação de áudio, o sinal som é convertido em sinal elétrico que pode inicialmente é analógico e então é convertido para sinal digital. Este sinal traz informações de para a interface de áudio que então converte o sinal analógico em sinal digital. Se você gravou o seu áudio  com volume baixo ele será reproduzido de acordo com o volume gravado. Os decibéis que aparecem no software de gravação (Audacity, Logic, Pro Tools, etc) mostram em geral valores negativos porque uma vez que você fez a gravação e ela foi convertida para sinal digital, o 0 dB significa que você está no máximo de sinal que veio da gravação. Estes valores, então, mostram a variação dos níveis de intensidade sonora. Zero significa que não foi nem atenuado nem aumentado. É possível aplicar ganhos que são valores positivos de decibéis, mas é preciso ter muito cuidado porque na verdade, quando você aplica ganho no seu áudio, você irá aumentar tudo que estiver abaixo do limite de pico ( maior valor que define o 0 dB), mas todos os outros valores que já estão no máximo serão achatados e você irá distorcer o som. Já a atenuação irá reduzir ruídos e deixar o volume do som dentro de valores confortáveis de forma a não “estourar”. Há diversas ferramentas para alterar o som de uma gravação, mas é preciso usar com cautela e saber como usá-la para não distorcer o som e perder qualidade.

O Master Handbook de Acústica traz conceitos bastante detalhados de acústica e está disponível em inglês no formato livro ou e-book.