Jesus, Alegria dos Homens: a obra-prima atemporal de Bach arranjada para flauta com acompanhamento de piano

Johann Sebastian Bach, um dos compositores mais influentes da história da música clássica ocidental, deixou um rico legado de composições. Entre seu vasto corpo de trabalho, “Jesus, Alegria dos Homens”, se destaca como uma peça icônica que cativou o público por séculos.

A Composição

“Jesus, Alegria dos Homens” é a tradução em português do título alemão “Jesu, bleibet meine Freude”, que vem da maior obra coral de Bach, Herz und Mund und Tat und Leben (Coração e Boca e Ação e Vida), BWV 147. Foi composta no início do século XVIII durante o período barroco.

O período barroco, abrangendo aproximadamente de 1600 a 1750, foi caracterizado por composições ornamentadas e elaboradas, contraponto intrincado e foco na expressão emocional. Bach, uma figura central desta época, dominou o estilo polifônico e deixou uma marca indelével na história da música.

A Obra de Bach

Johann Sebastian Bach (1685-1750) foi  compositor, organista e diretor de coro. Suas composições abrangeram vários gêneros, incluindo música vocal sacra e secular, suítes orquestrais e obras de teclado. A música de Bach foi fortemente influenciada por sua profunda fé luterana.

Composto em 1716, “Herz und Mund und Tat und Leben” foi escrito para a época do Advento. “Jesu, bleibet meine Freude” aparece no décimo movimento da obra e é um coral baseado em um hino pré-existente de Johann Franck. O arranjo de Bach elevou o hino original a novos patamares, com uma melodia cativante e ricas harmonias.

A composição mostra a maestria de Bach no contraponto e no desenvolvimento harmônico. A peça apresenta uma melodia memorável e edificante acompanhada por um intrincado contraponto nas vozes. A letra expressa devoção e alegria, tornando-a uma escolha popular para casamentos, cultos religiosos e ocasiões alegres.

Impacto na música e na cultura

Ao longo dos anos, “Jesus, Alegria dos homens” tornou-se uma das composições mais reconhecidas e amadas de Bach. Sua popularidade duradoura transcendeu o tempo e as fronteiras culturais, cativando tanto os entusiastas da música clássica quanto aqueles fora do gênero.

 Adaptações das Composições de Bach

As composições de Bach, incluindo “Jesus, Alegria dos homens”, foram sujeitas a inúmeras adaptações e arranjos de músicos que buscam trazer essas melodias atemporais para novos públicos.

A combinação de flauta e piano traz uma textura única e qualidade tonal à peça. A natureza lírica e expressiva da flauta complementa a linha melódica, enquanto o piano fornece suporte harmônico e acrescenta profundidade à performance. O arranjo para flauta com acompanhamento de piano permite uma interpretação delicada e intimista da obra, criando uma bela sinergia entre os dois instrumentos.

Vários músicos de renome gravaram versões notáveis ​​desta composição para flauta com acompanhamento de piano. Suas interpretações destacam a versatilidade e profundidade emocional desse arranjo. Nos arranjos modernos de flauta e piano, os músicos têm a oportunidade de trazer sua própria interpretação artística para a peça. O andamento, a dinâmica e o fraseado podem ser adaptados para atender à visão dos artistas, permitindo uma interpretação nova e pessoal, ao mesmo tempo em que honra as intenções originais de Bach.

Vídeo com Arranjo para Flauta e Piano

No vídeo a seguir você tem um arranjo moderno para flauta e piano escrito em 3/4 em sol maior. A flauta faz a melodia e o piano o acompanhamento, alternando arpejos e ritmos.

Os iniciantes podem diminuir a velocidade do vídeo clicando na engrenagem do YouTube, assim será mais fácil aprender a música. Quando estiver mais confortável, basta configurá-lo para a velocidade original.

Vídeo com Arranjo para Bandolim

Jesus Alegria dos Homens de Bach é uma das composições do barroco mais famosas e possui versões para muitos outros instrumentos. Dê uma olhada no vídeo a seguir que é uma adaptação do arranjo para bandolim. Os trêmulos do bandolim dão outro ar ao arranjo e contribuem para a beleza da obra.

O vídeo traz também a tablatura logo abaixo da partitura.

Como compor arranjo para coral em quatro vozes Amazing Grace

Vamos falar hoje sobre um tema muito interessante e útil para qualquer gênero musical: o canto coral. Quando vamos fazer um arranjo para vozes é preciso estar atento a algumas regras de vital importância.

Extensão das vozes

A primeira delas é a extensão das vozes. Um coro de quatro vozes em geral é composto por soprano, contralto tenor e baixo. Cada indivíduo tem sua própria extensão sendo que alguns conseguem cantar notas mais agudas e outras notas mais graves. Desta forma, se é um coral profissional com cantores em diversas extensões, é possível explorar mais estas variações, mas se é um coral em que as pessoas não são profissionais, um arranjo muito complexo trará dificuldades para o grupo e muitas vezes não trará o resultado esperado na performance.
A segunda regra é estar atento às pausas necessárias para a respiração. Um conjunto de notas longas muito próximas sem uma pausa para respirar compromete a performance do coro.

Harmonia

A terceira regra é estabelecer a harmonia da música, isto é, os acordes. A harmonia pode ser clássica, sem muitas tensões (muito comum na música sacra) ou com variações e tensões e estilo mais moderno. Se haverá um instrumento acompanhando, as tensões podem ficar a cargo dele. Trabalhar com notas de tensão nas vozes traz uma complexidade adicional e nem sempre o resultado é o que esperamos. Simplicidade facilita a composição e a performance.

Contraponto

Quarta regra: Use a teoria do contraponto para escolher as notas disponíveis para cada voz. Intervalos de terça, quinta, sexta e oitava. No contraponto as quartas são consideradas dissonâncias, mas já foram consideradas consonâncias, então em alguns casos ela combina bem. Já as dissonâncias que são os intervalos de sétima, segunda e qualquer intervalo diminuto ou aumentado devem ser evitadas na composição. Desta forma, uma das possibilidades é considerar uma das vozes ( em geral a melodia) como cantus firmus e compor as demais com base nela. Eu acho interessante basear por exemplo, o contralto na melodia que é cantada pelo soprano, depois usar o contralto como cantus firmus e compor o tenor. Já o baixo, é interessante manter as notas mais graves da harmonia. Todas as regras do contraponto clássico podem ser usadas nesta etapa e trazem bons resultados.

Evitar cruzamento de vozes e movimentos bruscos

Quinta regra: Verifique se alguma voz não está chocando com o acorde dado pela harmonia ou se não está chocando com outras vozes criando dissonâncias. Ao ouvir dissonâncias nosso ouvido irá perceber que algo não está combinando. Se isso ocorrer, revise novamente.
Sexta regra: Evite movimentos bruscos, ou seja, não crie saltos nas vozes. É claro que às vezes queremos criar saltos de propósito, mas fazer disso uma regra e todo tempo pode não agradar ao ouvinte. É importante cantar a composição para cada voz. Lembre-se que alguém terá que cantar a sua composição e quanto mais coerente e de fácil memorização ela for, melhor o resultado.
Como exemplo, trabalhamos a música sacra Amazing Grace, composta originalmente por John Newton no século XVIII (publicado em 1779) e depois gravada por Elvis Presley (veja o vídeo abaixo).

Adaptamos a harmonia  com algumas tensões para serem tocadas ao piano e abrimos em quatro vozes. Para este exemplo, optamos por um arranjo bem simples e com a mesma métrica para todas as notas.

A figura a seguir mostra a melodia e sua respectiva harmonia.

Amzaing Grace - melodia e cifras

No compasso 8 criamos uma passagem com um acorde diminuto para ser tocado ao piano enquanto as vozes descansam.

A partir desta harmonia, usamos a melodia na voz soprano e as notas dos acordes no baixo. O contralto foi criado a partir do soprano usando apenas consonâncias e o tenor por sua vez foi escrito a partir do contralto usando também consonâncias. O resultado é mostrado na figura a seguir, sendo que abaixo de cada nota está escrito o intervalo usado.

arranjo para coral para o hino Amazing Grace de John Newton

No primeiro compasso temos sol e dó como notas da melodia escritas para o soprano. Na linha do contralto temos sexta e terça formando mi que é a sexta e sol e mi novamente que é a terça de dó. Assim, o contralto canta na mesma métrica, porém canta a mesma nota no primeiro compasso. Já o tenor canta dó e dó novamente formando terças com a nota dó do contralto e neste caso fazendo movimento paralelo.

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