Como Adicionar tablatura de Bandolim no Musescore

Tablaturas disponíveis

Os usuários do Musescore podem utilizar as tablaturas para instrumentos de cordas. A  versão 3 do programa já traz tablaturas para instrumentos que antes não eram encontrados na lista como, por exemplo, Banjo, Baixo Elétrico, Baixo Elétrico de 5 cordas e Ukulele. Eles são encontrados na lista de instrumentos de cordas tangidas.

Print do Musescore - Lista de Tablaturas para instrumentos de cordas
Lista de Tablaturas inclusas no Musescore 3

Mas e se eu quero utilizar um instrumento que não está na lista? O bandolim, por exemplo. Como posso editar a tablatura para refletir as cordas do bandolim? 

Editando a Tablatura

Neste post vamos aprender como fazer esta edição. Ela é bem simples. Primeiro, é preciso saber a afinação do instrumento. No caso do Bandolim, a primeira corda (sempre de baixo para cima) é o mi, a segunda o lá, a terceira o ré e a quarta o sol. Lembrando que o bandolim possui cordas duplas, mas sempre na mesma afinação, logo a nota será a mesma e consideramos apenas uma corda, ou nota. Além disso, é preciso saber a altura das notas (cordas) em relação ao piano. No Bandolim, a notação fica assim: Mi 5, Lá 4, Ré 4  Sol 3.

O Passo a Passo

Vamos começar o processo abrindo o Musescore e adicionando uma partitura na clave de sol como referência.Vá em arquivo>novo ou clique no ícone com um o símbolo +. você irá criar um novo arquivo com apenas um clique.

Criando um novo documento no  Musescore 3 usando o comando Arquivo/ Novo
Criando um arquivo novo no Musescore 3 usando o comando Arquivo
criando um novo documento no Musescore 3 com apenas um clique
Criando um arquivo novo no Musescore 3 com apena um clique

Fazendo isso, irá abrir o assistente de configuração da partitura. Neste momento, não precisa preencher nada, apenas pressione o botão próximo e escolha uma clave. Como vamos trabalhar com o bandolim, escolha a clave de sol. Pressione próximo novamente, e defina a armadura de clave de dó maior, ou seja, sem nenhum acidente. Pressione próximo novamente, escolha a fórmula de compasso como 4/4. Pronto. Agora temos a partitura para piano.

Acrescentando uma Tablatura Existente

Nosso próximo passo é acrescentar uma tablatura que já esteja na lista, como por exemplo a de violão. Pra fazer isso vamos em Editar> Instrumentos. 

Adicionando uma tablatura na pautado Musescore 3
Adicionando uma tablatura na pauta

Será então aberta uma lista de instrumentos e dentre eles estão os de cordas tangidas. No Musescore 3 podemos encontrar tablaturas para Violão clássico e acústico, guitarra, contrabaixo elétrico, contrabaixo de 5 cordas e Ukulele. Vamos então inserir uma tablatura qualquer. Podemos iniciar, por exemplo com a tablatura de violão.

Lista de tablaturas disponíveis no Musescore 3
Lista de Tablaturas disponíveis no Musescore 3

Clicando em adicionar, a tablatura será inserida logo abaixo da partitura do piano (clave de sol).

Partitura e Piano e Tablatura de violão na mesma pauta
Inserindo e editando Tablatura de violão

Alterando a Tablatura

O próximo passo é clicar com o botão direito no nome da Tabladura, neste caso em Violão conforme mostrado na figura. Ao clicar será aberta as propriedades da pauta.. 

Propriedades da tablatura no Musescore 3
Propriedades da tablatura no Musescore

A primeira coisa a alterar é o número de linhas da tablatura. Como estamos usando a tablatura para violão, ela tem 6 linhas. Precisamos alterar para quatro, já que o bandolim possui oito cordas, mas afinadas em duplas, então cada linha representa duas cordas que tocam a mesma nota. Depois mudamos o nome e abreviatura do instrumento e clicamos sobre Editar dados da corda para alterar as notas referentes a cada linha.

Precisamos então apagar as duas últimas linhas, já que queremos apenas quatro cordas e alterar o nome e altura das notas nas que ficam. Assim, na primeira corda colocamos o Mi 5, na segunda o Lá 4, na terceira o Ré 4 e na quarta o sol 3.

Editando as linhas da Tablatura e inserindo as cordas do Bandolim
Editando as linhas da Tablatura e inserindo as cordas do Bandolim

 Feito isso é recomendável alterar a tessitura utilizável para sol 3 que é a nota mais grave (corda sol solta) até mi 6 que é uma oiltava acima da corda mi solta (casa 12). Pronto! Basta agora colocar as notas na partitura depois copiar e colar para a tablatura ou fazer o inverso.

Testando a Nova Tablatura

A figura a seguir mostra as notas referentes a cada corda solta no primeiro compasso, uma escala iniciando na nota mais grave (sol) e subindo duas oitavas nos compassos 2 e 3 e por fim o acorde de lá menor com sétima e sua digitação no compasso 4.

Tablatura de Bandolim refletindo as notas da pauta o piano
Tablatura de Bandolim refletindo as notas da pauta o piano

Veja a seguir o tutorial deste post em vídeo. Se gostou comente e compartilhe nossos conteúdos.

Tutorial mostrando em vídeo como criar uma tablatura para Bandolim no Musescore,

O que é Acorde de Empréstimo Modal?

Você já deve ter se deparado alguma vez com o termo acorde de empréstimo modal. O que vem a ser isso? Sabemos que os acordes são formados sobre uma determinada escala. Por exemplo, a escala de dó maior formada pelas notas dó, ré, mi, fá, sol, lá e si, todas naturais, quando combinadas entre si formam acordes. Assim, temos o que chamamos de campo harmônico que pode ser formado sobre a escala maior ou menor. Para saber mais sobre campos harmônicos dê uma olhada nos posts anteriores onde detalhamos os campos harmônicos maiores e menores.

O acorde de empréstimo modal é quando se utiliza um acorde que não pertence ao campo harmônico da tonalidade, mas ele faz parte do campo harmônico da tonalidade homônica. Deixe me explicar: Imagine que você está tocando em dó maior e na música utiliza um acorde que faz parte do campo harmônico de dó menor. A este acorde chamamos de acorde de empréstimo modal (AEM).

Os campos harmônicos são formados pelas notas da escala tocadas juntas em intervalos de terça, assim, na escala de dó maior temos os acordes : C7M, Dm7, Em, F7M, G7 e B75b. Já a escala de dó menor pode ter algumas variações, já que não há apenas uma escala menor, mas três: a menor natural, menor melódica e menor harmônica. Vamos considerar apenas o campo harmônico sobre a escala de dó menor natural que tem as seguintes notas: C, D, Eb, F, G, Ab e Bb e dão origem aos seguintes acordes: Cm7, Dm7 5b, Eb7M, Fm7, Gm7, Ab7M e Bb7. Então, se a música estiver sendo tocada em dó maior e tiver alguma passagem onde , por exemplo, apareça o acorde de Fm7 ele será considerado um Acorde de empréstimo modal (AEM) já que no campo harmônico de dó maior não há Fm7. O oposto também é verdadeiro, ou seja, se a música estiver sendo tocada em dó menor e tiver uma passagem onde o acorde, por exemplo, de G7 for tocado ele também é considerado um acorde de empréstimo modal (AEM).

Exemplo

Na música Luiza de Tom Jobim podemos ver na análise harmônica que a cadência II-V resolve no primeiro grau. Veja que o tom da música é dó menor, mas a resolução é feita em dó com sétima maior que não faz parte do campo harmônico de dó menor, mas faz parte do campo harmônico de dó maior.

AEM Musica Luiza
Exemplo de Acorde de Empréstimo Modal

No trecho da música Luiza que usamos como exemplo, o primeiro grau da escala menor foi substituído pelo primeiro grau da escala maior, mas a alteração poderia ter sido em qualquer grau, desde que homônimos, ou seja, tenham o mesmo nome. O acorde pode ser inclusive emprestado de outro modo. A figura a seguir é uma tabela de substituição de acordes de empréstimo modal disponibilizada pelo Prof. Nelson Faria. Nesta tabela, cada linha refere-se ao campo harmônico em um dos modos gregos, então um acorde de um determinado grau pode ser substituído por qualquer outro na mesma coluna.

Fonte: Nelson Faria, Um café lá em casa

Deixo a seguir o vídeo do mestre Nelson Faria explicando sobre os acordes de empréstimo modal com exemplos e ao violão.

AEM explicados por Nelson Faria

Referências Bibliográficas

Harmonia Método Prático, Ian Guest, Vol 2

Harmonia aplicada ao violão e Guitarra, Nelson Faria