Como gerar a partitura ao tocar usando o Sibelius 7

Neste post vamos dar uma dica para quem gosta de escrever partituras a partir de uma improvisação ou mesmo para aqueles que querem ter a partitura de uma forma rápida bastando executar a peça e como num passe de mágica lá está ela.

É possível fazer isso em diversos softwares e hoje vamos falar do consagrado software de edição de partitura Sibelius. Infelizmente não achei esta funcionalidade no Musescore que é open source.

Vamos então gerar nossa partitura em três estágios: 1) plugar um teclado midi, 2) configurar o Flexi Time  e 3) gravar.

Passo 1:

Inicialize o Sibelius, no menu escolha Sibelius e depois Preferências.

Vai abrir uma janela onde você terá uma opção que é Input Devices ou algo similar para versões do software em português. Se o seu teclado midi já estiver conectado e não aparecer na lista clique em Find new input devices para que o software possa procurá-lo. Ao encontrar, mantenha-o marcado e dê ok.

Passo 2:

Crie uma partitura vazia com os instrumentos que queira adicionar. No exemplo a seguir criamos uma partitura vazia na clave de sol, armadura de clave em fá maior e deixamos a opção de tempo marcada para que seja possível alterá-lo durante o processo de gravação da partitura.

Agora vamos até o menu Note input ( inclusão de notas) e na barra logo abaixo do menu localize a opção Flexi Time. Há uma setinha bem pequena que abre mais opções. Clique nela. Abrirá a janela abaixo com diversas opções para o Flexi Time. Para este post eu mantive a flexibilidade de tempo em médio (rubato). a opção a seguir refere-se a quantos compassos compõem a introdução e a seguir o número total de compassos que se deseja gravar. Na opção Existing music ( música existente) você poderá escolher se quer substituir todas as notas a cada gravação ou se quer adicioná-las. No caso de adicionar a opção overdub deve ser selecionada e a cada performance você estará acrescentando na mesma pauta notas adicionais, caso contrário a performance anterior será apagada. A próxima opção refere-se ao número de vozes que serão gravadas simultaneamente, assim, se escolher mais de uma voz e duas notas forem tocadas simultaneamente elas serão alocadas em vozes separadas. A última opção para o Flexi Time é o metrônomo. mantendo-o marcado, você ouvirá a marcação do tempo enquanto toca.  Esta opção é de extrema importância para garantir que você toque as notas no tempo certo e com isso tenha um bom resultado final na sua partitura evitando muitos ajustes.

Na mesma tela, escolha agora a janela notation. Nesta janela a opção mais importante é o ajuste do ritmo (adjust rhythms no menu Notes Values). Somente use notas com curta duração se a música exigir. No vídeo exemplo a seguir fizemos a gravação de um trecho da música garota de Ipanema de Tom Jobim e neste caso escolhemos que a nota de menor tempo seria a colcheia. Este processo de limitar o tempo das notas é parte do processo de quantificação para garantir os tempos corretos das notas escritas na partitura. As demais configurações nesta janela manteremos sem alteração.

Passo 3

Agora é gravar. Vá até o menu e selecione play. Você localizará uma esfera vermelha que é a tecla de gravação. Ao clicar nela você ouvirá um compasso do metrônomo e logo já deverá começar a tocar.

Uma dica para manter o tempo é ter pelo menos a marcação do baixo ou o ritmo da bateria, mas para quem está acostumado a tocar com o metrônomo isso não é problema. Assista o vídeo no nosso canal do You Tube e veja como o processo é feito na prática.


O que são e como usar os acordes diminutos

O que são acordes diminutos e para que servem?

O acorde diminuto pode ser usado de diversas maneiras e há muitas dúvidas sobre como aplica-lo. Uma das aplicações é usá-lo como acorde de passagem para dar um colorido à harmonia, podendo também ser usado nas modulações (mudanças de tonalidades, aproximações cromáticas, substituição da dominante, etc). Vamos primeiro entender como ele é formado e então veremos alguns exemplos de como utilizá-lo.

O termo diminuto significa diminuir e é usualmente aplicado quando temos um intervalo justo ou menor que foi abaixado em um semitom. Ao se falar em acorde diminuto, temos pelo menos três formas:
A primeira é a tríade diminuta em que um acorde menor tem sua quinta abaixada em um semitom. Por exemplo, o acorde de dó menor (Cm) é formado pela tônica dó (C ), a terça menor mi bemol (Eb) e a quinta justa sol (G). Desta forma, se abaixamos a quinta em um semitom temos a tríade diminuta de dó representada pela cifra C5b (formado pelas notas C, Eb, Gb). Podemos definir uma fórmula para sua formação sendo 1,3m,5b, onde os números representam os graus da escala maior. Então 1 é a tônica, 3 é a terça maior e no nosso caso 3b é a terça menor (abaixa meio tom na terça maior), 5 é a quinta justa, sendo que no nosso caso 5b é a quinta diminuta
O segundo tipo é o acorde meio diminuto que parte da tríade diminuta acrescentando a sétima menor, e cuja cifra para o acorde de dó meio diminuto é C75b ou CØ. A fórmula para este acorde é 1,3m, 5b, 7b (tônica, terça menor, quinta diminuta e sétima menor) que neste exemplo é formado pelas notas C,Eb,Gb,Bb.
A terceira forma é o acorde diminuto cuja fórmula é 1,3b,5b, 7bb, então 7b é a sétima menor e 7bb a sétima diminuta. Em resumo, dado um acorde maior com sétima qualquer (lembrando que no acorde de sétima esta é a sétima menor), devemos abaixar meio tom na terça, meio tom na quinta e meio tom na sétima menor, ficando desta forma, tônica, terça menor, quinta diminuta e sétima diminuta. No nosso exemplo em dó, temos o dó diminuto cifrado da seguinte forma: C°.

Exemplos

Vamos ver alguns exemplos de acordes diminutos em diversas tonalidades:
C° : As notas do acorde maior são C, E, G. Acrescentando a sétima temos C, E, G, Bb. Aplicando a fórmula temos C, Eb, Gb, Bbb (ou C, Eb, Gb, A). Bbb (si dobrado bemol) é enarmônico de lá, mas do ponto de vista de nomenclatura não é correto notar como A e sim Bbb.

D° : Partindo do acorde maior com sétima: D, F#,A , Cb e baixando a terça quinta e sétima temos: D, F, Ab, Cbb (ou D, F, Ab, Bb).

Resumindo temos:

Os acordes diminutos criam tensão na música. Em harmonia, dizemos que ele pede resolução, pois o som fica “no ar” esperando que algo aconteça. A tensão gera uma expectativa. É como jogar uma bola para o alto e esperar que ela retorne e bata no solo. O momento do retorno da bola é nossa resolução.
Quando montamos o campo harmônico maior (veja nosso post sobre harmônico maior), o acorde meio diminuto aparece no sétimo grau. Os acordes diminutos aparecem no segundo grau dos campos harmônicos menores e os acordes meio diminuto no sexto grau dos campos harmônicos menores (veja nosso post sobre campos harmônicos menores).
Mas a questão básica é: Como e quando posso usá-los?
Vamos verificar alguns usos típicos destes acordes:

Substituto da dominante

 Todo acorde diminuto é uma acorde com sétima dominante com a tônica alterada para meio tom acima. Se observarmos os acordes de C7 e C#° veremos que eles possuem três notas em comum o que nos possibilita intercambiá-los, ou seja usar o acordo diminuto meio tom acima como substituto do acorde dominante (com sétima).
Exemplo:
C7 : formado pelas notas C, E, G, Bb
C#°: formado pelas notas C#,E,G, Bb

ǁ Dm7ǀ G7ǀ C7Mǁ pode ser substituído por ǁDm7ǀG#°ǀC7mǁ

(Por questões didáticas não fizemos es encadeamentos dos acordes, ou seja, eles se encontram na posição fundamental para facilitar o entendimento)

Acorde de passagem

O acorde diminuto pode ser usado como acorde de passagem. Quando há, por exemplo a distância de um tom entre um acorde e outro de uma progressão, ele pode ser preenchido com um acorde diminuto.
Exemplo:
ǁ I (1 tom) ii ( 1 tom) iii ( meio tom) IV ( 1 tom) V (1 tom) vi (1 tom) viiǁ

Exemplo:
ǁ C      Dm   ǁ

Como entre  dó e ré há um tom de distãncia, podemos inserir um acorde de passagem entre eles ficando:

ǁ C C#° Dm ǁ

 Dicas de Livros:

Livro de Harmonia Funcioanal – H.J.Koelreutter- 2a Edição


Funções Estruturais da harmonia – Arnold Schoenberg

Para saber Mais

Acordes para Ukulele em 5 Afinações ( + de 5 mil acordes) – Edson Oliveira.

Dicionário de Acordes para Piano e Teclados- Luciano Alves.

Dicionário de Acordes Cifrados: Harmonia aplicada à música popular- Almir Chediak