Musescore 4 está Simplesmente Imbatível.

O Musescore está de cara nova, mas não é só a cara não. A versão 4 disponibilizada em Dezembro de 2022 está simplesmente fantástica e deixando softwares pagos em clara desvantagem. Uma das novidades mais tops é a opção de usar diferentes VST’s e soundfonts, que possibilitam o uso de som de samples profissional. Se você já usa Kontakt, Spitfire, Decent Sampler e outros, agora pode usá-los também no Musescore. Isso sem falar no Muse Sound que é um Hub gratuito com sons de instrumentos que podem ser baixados gratuitamente para serem usados no seu mixer. É claro, que você também pode exportar para áudio ou MP3 com o som profissional.

É importante dizer que este é o primeiro release da versão e ainda há problemas a resolver, mas a proposta está fantástica. Parabéns ao grupo de desenvolvedores e músicos que se dedicaram a deixá-lo com novas funcionalidades.

Neste post vamos dar um overview das mudanças e novas funcionalidades do software.

Sobre o Musescore

MuseScore é um software livre e de código aberto, o que significa que você pode usá-lo inclusive profissionalmente. Foi desenvolvido para criação e edição de partituras musicais e criado como um fork do código-base do sintetizador MusE , isso significa que os desenvolvedores do MuseScore começaram com o código-fonte do MusE e criaram uma cópia do projeto para trabalhar em uma versão modificada do software. O objetivo desse fork era criar um programa de notação musical independente a partir do código-base do MusE, enquanto o MusE continuaria sendo um sintetizador.

O Musescore foi lançado pela primeira vez em 2002, permitindo que os usuários criassem e editassem suas partituras musicais com alta qualidade em um ambiente gráfico, ou seja, “O que você vê é o que você tem”. O software foi criado com recursos como andamentos ilimitados, ou seja, permitindo que você crie partituras musicais com quantos andamentos você desejar, sem limites pré-definidos. Isso é útil se você quiser criar uma partitura com muitas páginas ou se você precisar adicionar uma grande quantidade de detalhes à sua partitura.

O software também foi concebido com links entre as diversas partes e instrumentos. Isso significa que o MuseScore é capaz de vincular diferentes partes da sua partitura, como a partitura do violino e a partitura do piano, de forma que elas sejam exibidas juntas na tela. Isso pode ser útil para facilitar a edição e a visualização da partitura completa. As partes também podem ser extraídas do arquivo principal da partitura, o que significa que você pode criar um arquivo separado para cada parte da sua partitura, se desejar.

Além disso, o software possui opção para criação de tablaturas, est´á preparado para entrada e saída MIDI, notação de percussão, transposição automática, letras, diagramas de braço de violão e muito mais. O MuseScore também tem a capacidade de reproduzir partituras através de seu sequenciador interno e biblioteca de amostras SoundFont, com suporte para saída MIDI para dispositivos e sintetizadores de software externos. Pode importar e exportar para uma variedade de formatos, incluindo MusicXML, MIDI e formatos nativos de outros softwares musicais, e também pode exportar áudio e representações gráficas de partituras. O software está disponível para Windows, MacOS e Linux e é traduzido para mais de 40 idiomas.

A Nova Versão

A nova versão do Musescore mantém os recursos das versões anteriores, mas traz melhorias significativas que descrevemos a seguir. Esta nova versão conta com a opção de temas claro ou escuro.

Nova interface

A interface do MuseScore 4 foi redesenhada e inclui 400 novos ícones e opções de personalização de cores. Além disso, há uma nova guia “Início” que inclui partituras recentes, plugins e tutoriais em vídeo, bem como um processo de introdução mais amigável para novos usuários.

Nova Guia de Início

Nesta nova versão é possível salvar na nuvem (musescore.com), desde que é claro, você tenha uma conta, mas fique tranquilo, que é gratuito. Você só vai pagar se quiser comprar partituras de outros usuários, mas o uso do software e espaço na nuvem é gratuito.

Uma vez logado, você poderá escolher a opção salvar na nuvem e terá opção de escolher manter as partituras privadas ou públicas. Se deixá-las privadas, apenas você poderá acessá-las, mas se estiverem púbicas outros usuários poderão baixar suas partituras. Há ainda a opção de gerar um arquivo mp3 que ficará online para que seja possível ouvir o arranjo, já que agora há a possibilidade de usar VST’s o que dá uma diferença muito grande no resultado final do áudio.

Reformulação da Tipografia

O MuseScore 4 inclui uma reformulação da tipografia, o que significa que alguns elementos da partitura, como espaçamento horizontal, ligaduras, agrupamentos de figuras em linhas transversais, foram melhorados. Há também uma nova versão revisada da fonte padrão do Musescore, a Leland, além da inserção de novas como a Finale Maestro e Finale Broadway. Além disso, há centenas de outras pequenas correções e otimizações para letras, posicionamento de articulações, marcas de trêmulo e posicionamento geral.

Melhorias na produtividade

O MuseScore 4 inclui várias melhorias na produtividade, como um painel de propriedades mais responsivo e fácil de entender, com muitas opções úteis, e uma barra de entrada de notas mais expansiva e fácil de personalizar.

As linhas de andamento como accelerando e ritardando agora funcionam com a reprodução (playback). As barras de rolagem na partitura, instrumentos estão mais fáceis de descobrir, editar e alterar, usando o novo painel “Instrumentos” e um processo simplificado de configuração de uma nova partitura. Além disso, há definições de instrumento melhoradas, um novo botão para criar tercinas e quilálteras e novos botões de articulação e um novo botão para agrupar linhas transversais.

O antigo inspetor agora tem o nome de propriedades e possui muito mais ajustes. Além disso, as propriedades dependem do item selecionado na partitura. Assim, se você seleciona uma nota terá as propriedades referentes à nota, se seleciona o compasso, terá outras propriedades que agora aplicam-se ao compasso. Por exemplo, ao selecionar um acorde, você pode mudar sua fonte, cor, se será ou não reproduzido e ainda como será a reprodução. Há opção de tocar apenas a fundamental ou todo o acorde e ainda escolher o voicing (drop 2, fechado, seis notas, etc). Pode ainda escolher entre interpretação literal ou jazz.

Painel Propriedades; Exemplo com Acordes

O painel Instrumentos agora fica em uma aba que quando aberta fica ao lado das paletas e das propriedades, mas podendo também ficar futuando (float) sobre a partitura. Há opção de de editar os instrumentos na mesma janela, acrescentando novos instrumento, criando partituras com link, ou seja, o que é alterado em uma é imediatamente alterado na outra. Além disso, há a opção de ocultar ou mostrar a parte de determinado instrumento ou voz. No exemplo a seguir, as partes com o ícone do olho aberto estão visíveis enquanto as que estão com o ícone de olho fechado estão ocultas. Para alterar, basta clicar sobre o ícone.

Exemplo da Paleta de Instrumentos
Novo mixer

O MuseScore 4 inclui um novo mixer, o que permite ao usuário ajustar os níveis de volume e panorâmica de cada pista individualmente, inclusive com a opção de alterar os instrumentos individualmente. Isso inclui o timbre dos acordes que possui uma pista dedicada. Cada pista tem a opção de carregar sons individuais que podem ser soundfonts ou provenientes de plugins VST.

O Suporte a instrumentos VST também inclui efeitos que podem ser baixados do Muse Hub ou carregados via plugins.

Mixer do Musescore 4
Mixer do Musescore 4 com suporte a VST e Efeitos

O MuseScore 4 agora suporta instrumentos VST e efeitos, o que significa que os usuários podem usar plugins de terceiros para adicionar instrumentos virtuais e efeitos sonoros às suas partituras.

Muse Hub

Se você optar em instalar o software a partir do Muse Hub, terá a opção de também baixar soundfonts e efeitos para serem carregados no Mixer. Há um grande número de instrumentos disponíveis e outros vão sendo acrescentados. Alguns soundfonts que funcionavam no Musescore 3 pela interface do Sintetizador podem não funcionar na nova versão.

Painel do Muse Hub

Além dos efeitos e timbres para instrumentos, o Muse Hub traz na sua interface a conecção com o Audacity, que é um software open source para gravação de áudio.

Melhorias na acessibilidade

O MuseScore 4 inclui melhorias na acessibilidade, como um novo sistema de navegação por teclado que segue as melhores práticas para permitir que os usuários se movam rapidamente pela interface. Além disso, há um modo de contraste alto editável e melhor suporte a leitores de tela.

Recursos incompatíveis que serão reintrodutos em lançamentos posteriores

Alguns recursos que não funcionaram bem com os novos sistemas do MuseScore 4 e precisarão ser substituídos em lançamentos posteriores, incluindo o criador de plugins, a ferramenta de comparação de partituras e o recurso “Documentos lado a lado”.

O vídeo a seguir obtido no canal do Matheus Rocha foi traduzido da versão original em inglês e mostra com áudio em português as principais novidades do novo software.

Como Baixar

Para baixar o Musescore 4 vá até a página https://musescore.org/en/download. L´á você vai encontrar links para as versões Widnows, MaOS e Linux. Para usar a versão para Mac você vai precisar estar com a versão do sistema operacional igual ou superior ao Mac OS 11.5 e para Windows apenas está disponível a partir do Windows 10. Ao clicar no link você terá baixado o instalador via Muse Hub. Caso queira instalar sem o Muse Hub, há outro link logo abaixo.

Em posts e vídeos futuros traremos tutoriais específicos de como usar a nova versão.

Três Dicas para sua música soar como jazz

Que tal tocar seus arranjos de com jeitão de jazz? Neste post vamos dar três dicas preciosas que podem ser aplicadas a quaisquer instrumentos.

O jazz é um gênero musical rico e versátil que se originou nos Estados Unidos no final do século XIX ao longo do tempo tem influenciado outros gêneros musicais. Com harmônias mais elaboradas, ritmos improvisados e instrumentação característica, o jazz tem um som único que o distingue de outros gêneros.

Se você está interessado em dar à sua música um toque de jazz, há muitas maneiras de fazer isso. Neste post, vamos explorar três delas, que com certeza farão a diferença.

Dica 1: Walking Bass

A primeira delas é o walking bass que é um elemento fundamental no jazz. Trata-se da linha do baixo que se move constantemente de uma nota para outra, criando um efeito de “caminhada”.

O walking bass pode ser acompanhado por uma bateria ou outros instrumentos rítmicos, mas se você toca , por exemplo, piano solo pode marcar os tempos de cada nota com o ritmo suingado do jazz. Além de criar uma base sólida para o resto da música, o walking bass também pode ser usado para adicionar interesse harmônico à música, pois pode ser usado para tocar acordes e melodias.

Vamos tomar como exemplo a música Moon River. Considere a sequência 1,2,3 e 5, sendo que 1 refere-se á tônica do acorde em questão, 2 a segunda (que também é a mesma nota da nona), 3 é a terça do acorde e 5 a quinta. Então no primeiro compasso, temos o acorde de fá maior, e o walking bass fica Fá, sol, lá e dó. Já no segundo compasso temos o ré menor então temos ré, mi, fá e lá, sempre pulando a quarta. Isso já vai dar uma cara nova no seu jeito de tocar.

Trecho da linha do baixo para a música Noon River

Existem outras formas de walking bass e você pode ver mais sobre este tema em outro post que publicamos clicando aqui. Para manter a simplicidade, neste post usaremos esta forma mais simplificada, mas que já traz um resultado expressivo.

Dica 2: Adicione Sétimas e Tensões

A segunda forma de dar uma cara de jazz é adicionar tensões.

As tensões são notas adicionais incluídas em um acorde musical que são usadas para adicionar profundidade e complexidade à harmonia. Elas podem ser adicionadas a tríades ou tétrades que são acordes de três e quatro notas respectivamete. São chamadas de “tensões” porque, quando são tocadas junto com as notas do acorde, elas criam um sentimento de tensão e instabilidade no som que precisa ser resolvido.

Existem várias tensões diferentes que podem ser incluídas em acordes, cada uma com um som e uma função específicos. As tensões são adicionadas em geral sobre acordes com sétima ou com sétima maior, mas também podem ser adicionadas à tríades.

As tensões mais comuns usadas no jazz são a nona ( ou segunda) , e a décima terceira (que ´é a mesma nota da sexta). Tanto a nona quanto a décima terceira podem ser maior ou menor. A alteração da quinta tamb´ém é bastante utilizada. Quando a quinta é alterada meio tom abaixo sobre um acorde menor, produzimos os acordes diminutos e meio diminutos. Para saber mais sobre acordes diminutos, dê uma olhada neste post: O que são e como usar os Acordes Diminutos

Adicionando a Sétima do Acorde

No exemplo a seguir, no primeiro compasso do nosso exemplo, Moon River, o Fá maior foi substituído por F M7 ( fá maior com sétima maior). Perceba que a clave de fá, que neste caso é a mão esquerda do piano, mas poderia ser o contrabaixo, temos a fundamental do acorde que é a nota fá. Neste caso ela foi duplicada e está soando oitavada, dando a sustentação do acorde. Na mão direita do piano, que também poderia ser o violão, por exemplo, não temos a fundamental, já que o baixo cumpriu seu papel na mão esquerda ou contrabaixo.

O acorde de Fá maior é formado pelas notas Fá, lá e dó. A sétima maior do acorde de fá maior é a nota mi (localizada meio tom abaixo da tônica ou a sétima nota da escala de fá maior que é Fá(1), sol (2), lá (3), sib (4),dó (5), ré (6) e mi(7)). Este já é um som bem característico do jazz.

Exemplo de acordes com sétima

Já no acorde do segundo compasso, perceba que adicionamos a sétima dominante ao invés da sétima maior. Neste caso, o acorde de ré menor é formado pelas notas ré, fá e lá. A sétima dominante, ou sétima menor, ou simplesmente sétima está um tom abaixo da tônica, ou é a sétima nota da escala abaixada em um semitom. Assim, adicionamos a nota dó ao acorde de ré menor para obter o acorde de ré menor com sétima. No baixo, mantemos o mesmo padrão, mas agora nossa fundamental é a nota ré. Você pode já juntar a dica 1 com esta dica fazendo o walking bass na linha do baixo.

Adicione as Tensões

Para acordes maiores podemos adicionar sétima maior como vimos anteriormente mas também as nonas. Já para os acordes menores, adicionamos a sétima (também chamada de sétima menor ou dominante), mas também podemos adicionar a nona do acorde.

Em acordes MAIORES podemos adicionar SÉTIMA MAIOR e a NONA, mas em acordes MENORES podemos adicionar a SÉTIMA DOMINANTE e NONA.

Outras dissonâncias como acordes diminutos e meio diminutos também funcionam como acordes de tensão. Na sequência da música Moon River, temos dois exemplos de tensões: O acorde Mi meio diminuto , Em7(b5) que al´ém da sétima dominante possuiu a quinta diminuta, ou seja meio tom abaixo da quinta do acorde. Já o acorde seguinte é o mesmo acorde, mas com a adição da nona que dá uma tensão ainda maior e cabe ao músico decidir se quer usá-lo ou não.


Exemplo de Tensões adicionadas aos acordes ( Moon River)

Dica 3 : Adicione Ritmo e Swing

A última dica é então adicionar uma levada de swing ao ritmo de sua interpretação. O swing é um estilo rítmico comum na música jazz que dá ao ritmo um toque levemente “desbalanceado”. Você pode adicionar swing à sua música usando um groove de swing na programação da bateria ou tocando os seus ritmos com um swing. Para isso, treine o ritmo primeiro batucando até sentir que está confortável, então vá para o instrumento e toque com a mesma levada. Não tenha pressa.

Ritmo em Swing (Jazz)

Perceba que o ritmo não está na cabeça da nota, mas um pouco atrasado, marcando mais o segundo beat do tempo. Após praticar apenas o ritmo, faça o mesmo com os acordes. No piano vai ficar conforme o exemplo a seguir. Pratique primeiro sem fazer o walking bass até ter o ritmo e os acordes sob seu domínio. Pratique com cada acorde da música separadamente como escrito a seguir para o acorde de F M7(9).

Acordes com swing

Juntando Tudo

Agora é o momento de juntar as três dicas e acrescentar o walking bass. O exemplo a seguir mostra o acompanhamento com acordes já com sétimas e tensões e o ritmo em suingue.

Acordes com tesnões, ritmo e walking Bass

Finalmente, você pode adicionar a melodia e improvisação, mas isso é assunto para outro post. Para praticar sozinho, grave a melodia e faça o acompanhamento ao piano. Se está tocando guitarra ou violão, que tal praticar junto com um amigo ou amiga baixista que fará o walking bass. Caso ninguém esteja disposto a praticar com você, grave a melodia e o baixo e faça o acompanhamento suingado no violão. Outra dica é usar o software de edição musical MuseScore

Este post foi inspirado nas dicas da pianista Sangah Noona. Não deixe de verificar o canal dela e deixar seu jóinha.