Vale a pena estudar teoria musical?

Gostoso é tocar! Mas tem que estudar? Meu filho me fez esta pergunta após uma aula de violão. Mas será que só as crianças a fazem? Há muita gente que toca bem e não faz ideia de como são formados os acordes. Vale a pena investir tempo? Eu gosto de comparar a música com um idioma. É como se eu quisesse falar inglês e só soubesse um punhado de palavras e algumas regras gramaticais. Posso até me virar bem com meu restrito conhecimento, mas seu eu quiser tirar maior proveito preciso me dedicar.

É preciso praticar

É claro que de nada vale a teoria se não pego o instrumento para praticar. Se meu objetivo é tocar algumas músicas no violão e decorar alguns  acordes me basta, tudo bem. Tudo depende do objetivo que quero alcançar. À medida que tenho domínio do instrumento passo a querer mais. Como uso mais acordes dissonantes, ou como uso uma tablatura de guitarra? Como faço substituições ou acrescento progressões para que minha performance fique mais sofisticada? O problema é  a ideia que teoria é chata e muitas vezes não vemos uma relação direta com a prática do instrumento. Parecem dois mundos separados, mas não precisa ser assim. Um bom professor sabe motivar o aluno e consegue criar pontes entre teoria e prática, mas é preciso saber controlar a ansiedade de querer tocar rápido. É possível tocar um instrumento em 30 dias? Se tocar um instrumento é dominar alguns acordes e fazer um ritmo básico enquanto canto, sim, mas se meu objetivo é o domínio completo do instrumento é preciso investir tempo.

Um bom professor sabe motivar o aluno e consegue criar pontes entre teoria e prática.

Tudo na vida tem um preço. Na música não é diferente. Não desista! Tem muita legal na internet, material bem explicado e de fácil entendimento. É claro, que é preciso saber o mínimo para ser crítico  na hora de escolher um bom canal ou blog a seguir.

O que são e pra que servem os campos harmônicos?

Esta é uma pergunta que muita gente boa de música faz. Lembro-me quando criança que ao ir à aula de matemática perguntava: Onde é que eu vou usar isso? Quando estamos acostumados a tocar um instrumento seguindo a cifra, ou mesmo de ouvido, não sentimos falta de alguns conceitos da teoria musical. Por outro lado, quando entendemos algum conceito e passamos a usá-lo em nossas performances começamos a olhar de forma diferente para a teoria. É como o garoto que descobre que sem a matemática não haveria engenheiros ou simplesmente não poderia haver comércio.

Definição

Então o que é um campo harmônico? De forma simples, é uma escala de acordes. Para cada escala que usamos temos o campo harmônico refernte a ela.  Isso significa que posso construir o campo harmônico sobre uma escala maior, menor, blues ou qualquer outra em qualquer  tom. Se pensarmos na escala maior, por exemplo, podemos construir acordes em tríades, tétrades e mesmo com tensões. Vamos exemplificar então com  o campo harmônico maior que é o mais básico e como a maioria dos exemplos que encontramos é em dó maior, resolvi trabalhar este exemplo em lá maior.

Fórmula para a escala de acordes

A escala de lá maior inicia-se na nota lá e mantém a relação de tom, tom, semitom, tom, tom, tom, semitom. Ou seja, lá, si, dó sustenido, ré, mi, fá sustenido e sol sustenido. Podemos escrever usando a nomenclatura de cifras: A, B, C#, D, E, F# e G#. Então temos 3 sustenidos (F#, C# e G#).

Agora vamos construir o campo harmônico em tétrades sobrepondo as notas em terças para formar os acordes. Se usarmos a armadura de clave de lá maior, que já vem com as  os três sustenidos não precisamos pensar neles. Basta contar de três em três e temos A, C#, E, G formando o acorde de lá maior com sétima maior e ciframos A7M. Como é o primeiro grau da escala podemos também grafar como I7M. Da mesma forma, o segundo grau da escala de lá é si. Então, sobrepondo as notas temos: B, D, F#, A que é o acorde de ré menor com sétima que cifrado é Dm7. Como é o segundo grau e o acorde é menor grafamos IIm7 ou ii7 .Seguindo a mesma lógica para os demais graus temos: Em7 que generalizando seria IIIm7 ou iii7, depois no quarto grau temos o F#7M ou IV7M, o quinto grau seria o G7M ou V7M, o sexto grau forma o acorde de Am7 que generalizando temos  VIm7 ou vi7 e o sétimo grau que é formado pelas notas  G# ,B, D, F# que forma o acorde de sol sustenido meio diminuto. Este acorde tem este nome porque partindo do acorde de G# (G#, B#, D#, F##)  tem a terça (B#), a quinta (D#) e a sétima maior (F##)  abaixadas em meio tom e pode ser cifrado como G#ɸ ou ainda G#m75b . Generalizando temos VII ɸ  ou  vii ɸ.

Exemplo

Ouça agora a escala de notas e a escala de acordes ou o campo harmônico de lá maior.

E aqui segue uma tabela com os campos harmônicos nos 12 tons.

Aplicação

Pra que serve isso? Bem, se você souber quais notas formam o campo harmônico de uma tonalidade, você sabe que acordes usar em determinada música. Se você quiser compor uma música, já tem um bom ponto de partida. Os campos harmônicos associados às progressões são a base da música popular. Mas isso já é assunto para outro post.

Veja também: Campos harmônicos menores