Como sincronizar a Tablatura com a Partitura no Musescore 4.

O Musescore 4 tem uma função muito útil para guitarristas, baixistas, bandolinistas ou qualquer instrumento de cordas que você queira montar a tablatura sincronizada automaticamente com a partitura.

Nas versões anteriores do software, era necessário criar uma tablatura independente e depois copiar as notas da partitura e colá-las na tablatura. O inconveniente é que, ao fazer desta forma, qualquer alteração feita na partitura precisa ser manualmente atualizada na tablatura. Com a função de partitura sincronizada disponível no Musescore 4, o problema de sincronização foi resolvido.

Criando a Partitura

O primeiro passo para fazer isso é criar uma partitura para que a partir dela seja gerada a tablatura sincronizada. Para fazer isso, ao entrar no Musescore clique no símbolo “+” para adicioná-la. Você também pode usar a opção Arquivo> Novo.

criando uma partitura no Musescore 4

Ao fazer isso, irá abrir uma nova janela para que seja escolhido um instrumento. Como queremos criar uma tablatura sincronizada a uma partitura, vamos escolher um instrumento de cordas como violão, cavaquinho, bandolim, contrabaixo, etc. Se não encontrar o instrumento que procura na lista tente fazer uma busca no campo de Pesquisa.

Escolhendo o Instrumento

No nosso exemplo, vamos criar uma partitura para violão acústico. Navegue pelas opções do lado esquerdo até encontrar cordas dedilhadas ou simplesmente escolha violão na caixa de pesquisa. Você verá que ao fazer isso, aparecem diversas opções de violões: violão acústico, que é o que queremos, mas também violão vienense, violão de 7 cordas, 11 cordas, etc. Escolha um deles.

pesquisa de instrumento para inserir partitura no Musescore.

Escolha um deles e então clique na setinha indicada na figura a seguir. Ela irá inserir o seu instrumento na lista de partituras. No nosso caso, vamos inserir apenas o violão, mas poderíamos inserir também, por exemplo, uma flauta para escrever a melodia enquanto o violão faz o acompanhamento, ou um contrabaixo e até uma bateria ou pandeiro. Vamos seguir com a partitura de violão.

Clique na seta e depois em próximo e uma nova janela vai abrir. Agora você vai entrar com o tom da música, fórmula de compasso e o andamento. Você também poderá preencher o Título da música, compositor, letrista e informações sobre direitos autorais. Você também pode optar em fazer isso depois, o que seria tema para outro post.

Configurando a Partitura

Neste exemplo, vamos trabalhar com a música Autumn Leaves de Joseph Kosma que está em Mi menor. Defini também o andamento de 130 bpm o compasso de 4/4, coforme figura a seguir.

Inserindo a Partitura da Música

Após confirmar em concluído, você verá uma partitura vazia onde deverá inserir as notas. Perceba que na partitura que escolhemos (violão acústico) aparece um 8 na clave de sol indicando que as notas soam uma oitava abaixo do que estão escritas na partitura.

O próximo passo então é escrever a música na partitura. Neste caso optamos por mostrar um arranjo completo para violão, mas pode ser que você só precise da linha melódica. Neste post não vamos detalhar como editar a partitura, o que faremos em posts futuros. Se você tiver um arquivo salvo em outra versão do Musescore, sugiro copiar e colar ao invés de simplesmente abrir o arquivo e começara editar, o que pode gerar alguns bugs.

Por questão de simplicidade e direitos autorais, optei por transcrever apenas uma parte da música conforme figura a seguir:

Autumn Leaves trecho de musica- partitura para violão acústico.

Inserindo a Tablatura Sincronizada

O próximo passo é inserir a tablatura sincronizada com este trecho da partitura. Para fazer isso vá no menu do lado esquerdo e clique em instrumentos.

Menu instrumentos do Musescore 4

Ao clicar no triângulo ao lado do nome do instrumento irá abrir algumas opções. Clique na engrenagem da partitura em questão e verá a opção de criar uma partitura associada (vinculada). Vá em frente e clique.

criando uma partitura vinculada

Isso irá duplicar a partitura, criando uma outra que está vinculada a ela. Agora basta alterar a partitura vinculada para aparecer como tablatura que é nosso próximo passo.

Partitura vinculada no musescore

Para fazer isso clique novamente na engrenagem, mas agora escolha a partitura vinculada [LINK] e poderá ver várias opções.

alterando uma partitura vinculada para tablatura.

No nosso caso, é um violão de seis cordas, então podemos escolher a primeira opção. e Voilá, eis a nossa tablatura.

Neste caso, escolhi a opção de tablatura simples que mostra menos detalhes, já que ela está complementando a informação presente na partitura. Você pode testar as outras e usar a que melhor lhe agrade. É importante ao final dar uma verificada pra ver se se não há nenhuma nota escrita na tablatura na corda errada. Este ainda é um pequeno problema não resolvido ainda. Isso é mais comum quando há pestanas, mas no geral funciona muito bem. Espero que a informação tenha sido útil.

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A Magia do Bandolim: Origem e História deste fascinante Instrumento.

A música é uma linguagem universal que transcende fronteiras e culturas, e um dos instrumentos que tem contribuído para essa conexão universal é o bandolim. Neste post, vamos explorar a rica história e as nuances deste fascinante instrumento de cordas, mergulhando na sua evolução, influência cultural e musical, e sua relevância na cena musical contemporânea.

Raízes Históricas do Bandolim

O bandolim, como muitos outros instrumentos musicais, tem raízes históricas profundas que remontam a séculos atrás. Suas origens estão ligadas aos períodos medieval e renascentista, quando começou a se destacar como um instrumento versátil e encantador. No entanto, sua primeira aparição oficial ocorreu no sul da Itália, na primeira metade do século XVII.

Inicialmente, o bandolim era utilizado para a execução de música popular e, em especial, na música folclórica napolitana. O sul da Itália era o berço dessa tradição musical única, e o bandolim desempenhou um papel central na criação e transmissão dessas melodias cativantes.

A Diversidade de Bandolins

Uma característica fascinante do bandolim é sua diversidade. Na sua forma inicial, havia uma rica variedade de bandolins, cada um com diferentes formas e números de cordas. A diversidade era tão ampla que, somente na metade do século XVIII, houve uma padronização da forma clássica do bandolim em formato de gota. Essa padronização foi enriquecida pelo trabalho da família Vinaccia, uma família de luthiers que soube valorizar e aprimorar o instrumento.

O bandolim é usualmente tocado como instrumento solista, desempenhando a voz de soprano num conjunto de instrumentos que inclui também na mesma família a Bandoleta (alto), a Bandola (tenor), o Bandocello ou Bandoloncello (baixo) e, por fim, a Bandolineta (sopranino).

O Bandolim da Música Clássica à Modernidade

O bandolim napolitano, com sua afinação que respeitava a do violino, atraiu a atenção de compositores clássicos renomados, como Vivaldi, Mozart e até mesmo Beethoven. Esses grandes nomes da música erudita viam no bandolim um instrumento capaz de enriquecer suas obras com seu som distintivo.

Embora tenha suas raízes na Itália, o bandolim ganhou popularidade internacional ao longo dos anos. Em países como Japão e Coreia do Sul, o instrumento tem uma base de fãs dedicada. Nos Estados Unidos, o bandolim também encontrou seu lugar, principalmente devido à grande migração italiana para o país. A facilidade de transporte e o som cativante do instrumento contribuíram para sua popularização nos Estados Unidos.

Uma curiosidade interessante é que Orville Gibson, o fundador da famosa marca de guitarras elétricas Gibson, começou sua carreira na fabricação de bandolins. Ele adaptou o design do bandolim para torná-lo mais parecido com violinos, levando em consideração a afinação semelhante. Isso resultou em um instrumento com um som um pouco menos picante, mais próximo do som de uma pequena guitarra acústica.

A Afinação do Bandolim e suas Características Únicas

Uma das peculiaridades do bandolim é sua afinação, que se assemelha à do violino. O bandolim tem oito cordas agrupadas em pares, chamados de coros, afinados em quintas. Começando da corda mais aguda, temos Mi-La-Ré-Sol. Essa afinação contribui para a sonoridade única do instrumento e na grande maioria das composições é tocado com palheta.

Além disso, a forma do bandolim apresenta uma característica distintiva: uma curva suave na tábua harmônica. Essa curva exerce tensão nas fibras da madeira, conferindo ao instrumento o característico som brilhante e picante, conhecido como “piccante” pelos mestres da luteria napolitana.

A Fascinante História da Família Calace

A história da família Calace é um exemplo cativante da ligação entre o bandolim e a cultura italiana. Com mais de 190 anos de tradição na fabricação de bandolins, essa família de luthiers tem uma história incrível. Tudo começou com Raffaele Calace (1863 – 1934), que foi um músico, compositor e fabricante de bandolins. Nasceu em Nápoles, Itália, filho de Antonio Calace, um renomado fabricante de instrumentos. Ele começou a estudar música, descobriu o bandolim e logo se destacou. Depois de se formar com honras no Regio Conservatorio di Musica em Nápoles, ele se propôs a elevar o lugar do bandolim na música.

Raffaele Calace escreveu cerca de 200 composições para bandolim. Estas incluem obras de concerto, solos e composições para bandolim e outros instrumentos — duetos com piano, combinações de trio com mandola e violão, o Quarteto Romântico de Bandolim (dois bandolins, mandola e violão) e quintetos.

Calace também escreveu obras pedagógicas, incluindo um método de bandolim, Schule für Mandoline, que foi publicado em 1910.

Raffaele Calace e seu irmão Nicola Calace (1859-1923), também músico, tornaram-se fabricantes de instrumentos da família do bandolim napolitano. Eles introduziram melhorias nas técnicas de construção e modernizaram o bandolim napolitano.

Quando Nicola Calace mudou-se para os Estados Unidos em 1898, Raffaele continuou a oficina Calace com sua filha Maria (também bandolinista) e seu filho Giuseppe Calace. Hoje o Ateliê Calace é dirigido pelo neto de Calace, Raffaele Jr.

O Bandolim Além dos Estereótipos

Embora o bandolim seja muitas vezes associado à música folclórica napolitana, ele tem uma versatilidade que transcende fronteiras musicais. Além de sua presença marcante na música folclórica irlandesa, o bandolim também é usado no bluegrass, no country e até mesmo em alguns gêneros de música rock. O Led Zeppelin, por exemplo, incorporou o bandolim em algumas de suas músicas, demonstrando a capacidade do instrumento de se adaptar a diferentes estilos musicais.

Uma das características mais notáveis do bandolim é sua versatilidade. Embora muitas vezes seja associado a gêneros específicos, como a música folclórica napolitana, o instrumento possui uma variedade de variações e evoluções ao longo de sua história. Desde o bandolim napolitano até o bandolim acústico e elétrico, cada variação tem seu próprio charme e apelo musical.

O bandolim em Portugal

O bandolim em Portugal sofreu alterações na caixa harmônica, que ficou com formato de pêra e o fundo quase plano. Já no Brasil o bandolim possui a caixa acústica com o formato similar ao da guitarra portuguesa, utilizada principalmente nos fados.

O bandolim já foi a estrela dos salões elegantes do século XIX em Portugal, encontrou seu auge nas tunas do início do século XX, tornando-se um instrumento popular. As tunas e as filarmónicas desempenharam um papel crucial no ensino da música às classes populares, inclusive para aqueles que eram analfabetos, mas que aprendiam a linguagem da música.

No entanto, durante o período do Estado Novo, regime autoritário que vigorou de 1933 a 1974, o bandolim perdeu parte de sua influência. Apesar disso, o instrumento continuou a ser tocado em aldeias portuguesas durante festas, romarias, fogueiras e folguedos populares.

Na década de 1980, o bandolim português experimentou um renascimento graças aos Grupos Etnográficos, às Tunas Académicas e aos Grupos de Música Tradicional. Esses grupos recuperaram os sons tradicionais do bandolim e os construtores de instrumentos retomaram as antigas técnicas de construção.

O Bandolim no Brasil: Das Origens Européias à Roda de Choro

O bandolim chegou ao Brasil durante o período colonial, trazido pelos colonizadores europeus, principalmente portugueses e italianos.

O choro é um gênero musical genuinamente brasileiro e desempenhou um papel fundamental na incorporação do bandolim na cena musical do Brasil. As rodas de choro eram encontros informais de músicos que se reuniam para tocar e improvisar, teve um papel importante por propiciar o ambiente perfeito para o bandolim se destacar.

Assim, o bandolim conquistou os músicos e o público com sua capacidade de expressar emoções e narrar histórias por meio de sua sonoridade encantadora. Grandes talentos do bandolim, como Jacob do Bandolim, Luperce Miranda e Pixinguinha, contribuíram para a popularização do instrumento nas rodas de choro e, consequentemente, para sua consolidação como parte intrínseca da cultura musical brasileira.

A Evolução do Bandolim no Brasil

À medida que o choro ganhava destaque, o bandolim também se desenvolvia e se adaptava às necessidades dos músicos. Um exemplo notável disso é o bandolim brasileiro de 10 cordas, com sua afinação peculiar, que oferece um alcance tonal maior e uma sonoridade distinta. Isso permitiu que os músicos explorassem novas possibilidades musicais e elevassem o bandolim a um patamar ainda mais alto. A origem do bandolim de dez cordas é bastante atual, quando o músico Hamilton de Holanda, por volta do ano 2000, pediu a Virgílio Lima, luthier de Sabará, Minas Gerais, que lhe fizesse um instrumento com um par de cordas mais graves, para afinar em Dó.

O Bandolim nos Dias de Hoje

Atualmente, o bandolim continua a desempenhar um papel significativo na música brasileira. É um instrumento presente em uma variedade de gêneros musicais, indo além do choro. Artistas contemporâneos, como Hamilton de Holanda e Danilo Brito, estão redefinindo os limites do instrumento e demonstrando sua versatilidade em contextos que vão desde o jazz até o pop.

Além disso, festivais de bandolim e escolas de música dedicadas ao instrumento têm surgido pelo Brasil, proporcionando um espaço para novos talentos e promovendo a continuidade da tradição do bandolim.

Onde Encontrar Partituras e Tablaturas para Bandolim?

Há diversas alternativas para buscar partituras que podem ser usadas para tocar ao bandolim. Um exemplo é a publicação O melhor do Choro Brasileiro em três volumes disponível na Amazon.

Se você quer partituras com tablaturas, dê uma olhada no canal do YouTube Mandolin Tabs 4 You. O canal traz vídeos de músicas que vão do clássico ao pop passando pelo sacro e trilhas de filmes. Na descrição você encontra o link para comparar a partitura com a tablatura inclusa. Ao trazer arranjos para música popular e contemporânea, este canal desmistifica o fato de que o bandolim é um instrumento para tocar apenas música clássica, tarantelas e choros. Na verdade, qualquer arranjo bem elaborado e bem executado pode e deve ser executado no bandolim.

Para Saber Mais

Il Mandolino- YouTube Video

Casa do Choro – Site

Wikipedia- Raffaele Calace

Jacob do Bandolim- Acervo

Vionaccia Mandolins & History