Como ler partitura para violao

Ler partitura de violão pode parecer difícil em um primeiro momento devido a diversos símbolos que aparecem que são específicos do instrumento. Neste post vamos dar algumas dicas para quem está iniciando na leitura de partituras para o violão.

Há diversas maneiras de se escrever música para violão, no entanto para tocar solos clássicos, chorinhos ou qualquer arranjo mais elaborado é preciso saber ler a partitura para violão que possui mais informações que as escritas para piano  ou outros instrumentos ja que trazem informações sobre qual dedo utilizar, em que corda executar a nota, execução de pestana ou meia pestana e outros símbolos mais.

Claves e Tablaturas

A leitura das notas é feita apenas na clave de sol, diferente do piano em que as notas mais graves são escritas na clave de fá. O sistema de tablatura também é bastante usado, principalmente para violão popular e indica as cordas a serem tocadas e a casa onde a nota é executada naquela corda. Violonistas clássico, no entanto preferem o sistema em que todas as informações estão na partitura o que reduz pela metade o número de páginas de uma peça.

Diferenças

Uma das diferença entre a partitura para piano e para violão é então a quantidade de claves, sendo que no piano usamos 2 (sol e fá) e no violão apenas a clave de sol. Outra diferença é a localização das notas em relação ao seu som real. O som tocado no violão é escrito uma oitava abaixo do que realmente está soando.

A quinta corda solta é afinada na nota lá a 440 Hz e é escrita sobre a segunda linha suplementar, ou seja, abaixo do dó como mostrado na figura. No piano, no entanto, esta mesma nota é escrita no segundo espaço da clave de sol.

Notação da nota lá (em 440 Hz) para partituras para piano e para violão

Disposição das notas

A disposição das notas das cordas soltas no violão são indicadas no pentagrama a seguir. Lembrando que a primeira corda é a que tem o som mais agudo, ou maior frequência em Hertz, ou ainda pra deixar mais claro, é a primeira de baixo para cima. Então a afinação clássica do violão é Mi (1a corda), Si (2a corda), Sol (3a corda), Ré (4a corda), Lá (quinta corda) e Mi (sexta corda). A nota mi mais grave é também chamada de mi bordão, já que as cordas 4, 5 e 6 são chamadas de bordões enquanto as demais com som mais agudo são chamadas de primas.

Notação das notas do violão na partitura

Indicação dos dedos a serem usados

Ao  executar uma peça para violão clássico é então necessário indicar quais dedos utilizar. Para partituras escritas em português utilizam-se as iniciais dos nomes dos dedos para indicar que dedos da mão direita são usadas para executar determinada nota.  p – polegar, i- indicador, m- médio e a- anular. Já para a mão esquerda utiliza-se o número do dedo sendo 1- indicador, 2- anular, 3- médio e 4- mínimo.

Indicação da corda a ser tocada

No violão, é possível ter a mesma nota soando em cordas diferentes. Quando por exemplo, se afina o violão é comum comparar o som da quinta corda solta que é lá com o som da sexta  corda pressionada na quinta casa que também é lá. Assim, em uma peça, o arranjador já verificou qual a posição mais confortável para executar determinada nota e coloca esta informação na partitura.

Controle suas músicas por voz – Alexa – Echo

Indica-se o número da corda entre parêntese ou dentro de um círculo e um traço mostra a extensão em que a execução se aplica. A corda a ser tocada é indicada entre parêntesis (1) primeira corda ou corda mi, (2) segunda corda ou corda si, (3) terceira corda ou corda sol, (4) quarta corda ou corda ré, (5) quinta corda ou corda lá e (6) sexta corda ou corda mi e ainda pode indicar a corda solta quando dentro do parêntesis vier o número zero (0). Ao invés do parêntesis pode-se também utilizar uma circunferência. O software Musescore traz esta última representação.

Pestanas

A pestana é representada por uma letra maiúscula seguida de um ponto e a casa onde será executada e um traço indica até onde ela se aplica. Há partituras que utilizam a letra C e outras a letra B. No entanto, há casos onde é necessário usar uma meia pestana e neste caso ela é indicada pela letra maiúscula cortada (¢.3 indica uma meia pestana na casa 3).

Exemplo

Nos primeiros compassos da música Carinhoso de Pixinguinha arranjada para violão por Isaías Savio temos a indicação de que segunda nota a ser executada deve ser com o dedo 3 e o C cortado no início da música ( compasso anacruse) indica uma meia pestana que deixa a corda lá solta no baixo, no segundo compasso, novamente indica o dedo 3 na nota si, que na verdade é a repetição do trecho inicial e depois no compasso 3 há duas indicações com zero dentro de um círculo que indica a execução de corda solta. Neste caso a nota mi que deve ser executada na primeira corda solta e o fá dobrado sustenido, que é o mesmo som da nota sol e deve ser executado tocando a corda sol (3a corda) solta. Este símbolo também pode vir indicado entre parêntesis ao invés de uma circunferência.

Partitura de trecho da música Carinhoso de Pixinguinha

Estas são as principais dicas para quem está começando, mas há muitos outros símbolos que não são exclusivos de partituras de violão para indicar arpegio, glissando, bend, trinado, ornamentos e aí vai. Você vai encontrar mais informações nos livros do Othon que deixo os links abaixo.

Fonte: Othon G. da Rocha Filho, Minhas primeiras notas ao violão – vol. 1

Para Saber Mais

Exercícios de Leitura para Guitarristas e violonistas – Nelson Faria

Iniciação ao Violão. Princípios Básicos e Elementares Para Principiantes – Volume 1 – Henrique Pinto

Peças Fáceis para Violão Clássico: Domine Belos Estudos de Violão Clássico – Joseph Alexander

Como gerar a partitura ao tocar usando o Sibelius 7

Neste post vamos dar uma dica para quem gosta de escrever partituras a partir de uma improvisação ou mesmo para aqueles que querem ter a partitura de uma forma rápida bastando executar a peça e como num passe de mágica lá está ela.

É possível fazer isso em diversos softwares e hoje vamos falar do consagrado software de edição de partitura Sibelius. Infelizmente não achei esta funcionalidade no Musescore que é open source.

Vamos então gerar nossa partitura em três estágios: 1) plugar um teclado midi, 2) configurar o Flexi Time  e 3) gravar.

Passo 1:

Inicialize o Sibelius, no menu escolha Sibelius e depois Preferências.

Vai abrir uma janela onde você terá uma opção que é Input Devices ou algo similar para versões do software em português. Se o seu teclado midi já estiver conectado e não aparecer na lista clique em Find new input devices para que o software possa procurá-lo. Ao encontrar, mantenha-o marcado e dê ok.

Passo 2:

Crie uma partitura vazia com os instrumentos que queira adicionar. No exemplo a seguir criamos uma partitura vazia na clave de sol, armadura de clave em fá maior e deixamos a opção de tempo marcada para que seja possível alterá-lo durante o processo de gravação da partitura.

Agora vamos até o menu Note input ( inclusão de notas) e na barra logo abaixo do menu localize a opção Flexi Time. Há uma setinha bem pequena que abre mais opções. Clique nela. Abrirá a janela abaixo com diversas opções para o Flexi Time. Para este post eu mantive a flexibilidade de tempo em médio (rubato). a opção a seguir refere-se a quantos compassos compõem a introdução e a seguir o número total de compassos que se deseja gravar. Na opção Existing music ( música existente) você poderá escolher se quer substituir todas as notas a cada gravação ou se quer adicioná-las. No caso de adicionar a opção overdub deve ser selecionada e a cada performance você estará acrescentando na mesma pauta notas adicionais, caso contrário a performance anterior será apagada. A próxima opção refere-se ao número de vozes que serão gravadas simultaneamente, assim, se escolher mais de uma voz e duas notas forem tocadas simultaneamente elas serão alocadas em vozes separadas. A última opção para o Flexi Time é o metrônomo. mantendo-o marcado, você ouvirá a marcação do tempo enquanto toca.  Esta opção é de extrema importância para garantir que você toque as notas no tempo certo e com isso tenha um bom resultado final na sua partitura evitando muitos ajustes.

Na mesma tela, escolha agora a janela notation. Nesta janela a opção mais importante é o ajuste do ritmo (adjust rhythms no menu Notes Values). Somente use notas com curta duração se a música exigir. No vídeo exemplo a seguir fizemos a gravação de um trecho da música garota de Ipanema de Tom Jobim e neste caso escolhemos que a nota de menor tempo seria a colcheia. Este processo de limitar o tempo das notas é parte do processo de quantificação para garantir os tempos corretos das notas escritas na partitura. As demais configurações nesta janela manteremos sem alteração.

Passo 3

Agora é gravar. Vá até o menu e selecione play. Você localizará uma esfera vermelha que é a tecla de gravação. Ao clicar nela você ouvirá um compasso do metrônomo e logo já deverá começar a tocar.

Uma dica para manter o tempo é ter pelo menos a marcação do baixo ou o ritmo da bateria, mas para quem está acostumado a tocar com o metrônomo isso não é problema. Assista o vídeo no nosso canal do You Tube e veja como o processo é feito na prática.