Como aprender a improvisar

Talvez você já se tenha perguntado: Como aprender a improvisar? A resposta a esta pergunta pode variar bastante, mas o que na minha opinião mais reflete a realidade é: da mesma forma que você aprendeu a falar. Vamos pensar em como aprendemos uma outra língua, ou como a criança aprende a sua língua materna. Tudo começa com vocabulário. No início cometemos diversos erros de concordância, ortográficos e aí vai, mas se estamos dispostos a falar um outro idioma, precisamos perder o medo de errar e ir à luta! É preciso falar e usar o vocabulário que aprendemos e ir aumentando o número de palavras à medida que aprendemos as regras de seu uso.

Na improvisação o método é o mesmo. se para falar um idioma eu preciso de vocabulário, qual seria o vocabulário musical que me poderia ajudar? É claro que para falar em improvisação estamos falando a um público que já conhece o básico de música. talvez toque lendo partituras, ou por cifras. Para ter fluência verbal partimos do básico até desenvolvermos as nossas próprias ideias. Para desenvolver a fluência musical é preciso também partir do básico que é a teoria e a prática do instrumento. No entanto, para que eu possa fazer do instrumento uma extensão do meu corpo é preciso que estas regras estejam automáticas no meu cérebro. É como o jogador de futebol que não pensa quando recebe a bola, ele simplesmente sabe o que fazer com ela. Ou quando andamos de bicicleta, não ficamos pensando nas regras de como pedalar e como equilibrar.

Ganhando fluência praticando as escalas

Em todos os exemplos que falamos a fluência veio depois de muita prática. E aí fazemos a pergunta do milhão: O que eu tenho que praticar para ganhar fluência no instrumento a ponto de com o tempo criar minhas próprias ideias de forma automática? A resposta é: Escalas musicais. Se você dominar bem as escalas musicais, praticá-las em diversas tonalidades, entender a harmonia que está por trás dela estará dando o primeiro passo para a improvisação. Mas quais escalas treinar? E como treinar? Bem isso depende do tipo de música ques e quer tocar. Um músico de blues vai se debruçar sobere as pentatônicas e as escalas blues e vai estudá-las em todas as doze tonalidades.

Neste post vamos trabalhar as escalas menores que são bastante utilizadas no jazz. Comece conhecendo as escalas menores. Basicamente temos na música clássica as escalas menores naturais, menores melódicas e menores harmônicas. Na música clássica, há diferenças nas escalas menores dependendo se elas são ascendentes ou descendentes, mas como na música clássica, via de regra, não há improvisação, seguiremos as regras do jazz que não faz distinção da escala independende se são ascendentes ou descententes.

A escala de lá menor

Vamos começar então mostrando as escalas menores natural, melódica, harmônica e vamos acrescentar a menor dórica que é um dos modos da escala maior. Vamos começar com a escala de lá menor que é o modo eólico da escala de dó maior. Isso significa que ela possui as mesmas notas da escala de dó maior ( e portanto não há nenhum acidente na armadura de clave) e inicia-se no sexto grau. Desta forma, a escala de lá menor natural possui as seguintes notas: A, B, C, D, E, F, G. O que a diferencia da escala maior é o centro tonal. Como o descanso é na sexta, as escala menor traz uma sensação mais triste sobre a música, mas como compartilham as mesmas notas são chamadas de escalas relativas ( veja nosso post sobre escalas, campos harmônicos menoresescalas relativas).

A figura a seguir mostra a escala de lá menor natural harmonizada

Podemos escrever as escalas menores considerando a aradura de clave se sua homônima maior que nesse caso é a escala de lá maior e possui três sustenidos ( dó, fá e sol): A, B, C#, D, E, F#, G#. Então escrevemos que a fórmula da escala menor natural é 1,2,3b, 4, 5, 6b, 7. 3b e 6b significam intervalos menores. A sétima descrito apenas como 7 também é menor, e deixamos assim para diferenciar da sétima maior 7M assim como nas cifras.

A próxima escala é a menor melódica que tem a fórmula 1, 2, 3b, 4, 5, 6 e 7M. Então a escala de lá menor melódica fica assim: A, B, C, D, E, F#, G# e está mostrada na figura a seguir.

A escala menor harmônica tem a fórmula: 1, 2, 3b, 4, 5, 6b e 7M. Então as notas da escala de lá menor harmônico são: A, B, D, D, E, F, G#.

Complementando as escalas menores com a escala menor dórica que tem a fórmula: 1, 2, 3b, 4, 5, 6, 7. Então as notas da escala de lá menor dórico são: A. B, C, D, E, F# e G. A figura a seguir mostra esta escala.

Ouça cada uma delas e perceba as diferenças de sonoridade. Mas e agora? Como pratico? No livro Exercicios sobre escalas menores apresentamos exercícios sobre todas estas escalas em todas as doze tonalidades com o intuito de fornecer um material básico para praticar. Este material não vai te deixar expert em improvisação, mas se você praticar até que e a sonoridade das escalas se tornem natuarais para você então terá as primeiras palavras para desenvolver suas próprias frases e para isso é necessário praticar, praticar e praticar.

Comece com a escala de lá menor, depois vá para outra. No livro apresentamos a ordem das escalas seguindo o ciclo das quartas, desta forma, a escala precedente é a quinta da que segue formando um encadeamento V-I até voltar no início do ciclo. A seguir deixamos alguns exercícios sobre algumas das escalas. Você pode começar transpondo estes exercícios para outras tonalidades. se preferir adquira o livro que por ser digital tem um preço bastante acessível. Juntamente com o livro em PDF você poderá baixar os audios em mp3 como exemplos na tonalidade de lá menor e os arquivos midi que podem ser transpostos e ter o tempo ajustado em qualquer teclado.

A seguir alguns exemplos dos exercícios sobre algumas das escalas:

Para mais detalhes ou para comprar o livro de exercícios clique na figura ou no título

Exercícios : Escalas Menores

Como gerar a partitura ao tocar usando o Sibelius 7

Neste post vamos dar uma dica para quem gosta de escrever partituras a partir de uma improvisação ou mesmo para aqueles que querem ter a partitura de uma forma rápida bastando executar a peça e como num passe de mágica lá está ela.

É possível fazer isso em diversos softwares e hoje vamos falar do consagrado software de edição de partitura Sibelius. Infelizmente não achei esta funcionalidade no Musescore que é open source.

Vamos então gerar nossa partitura em três estágios: 1) plugar um teclado midi, 2) configurar o Flexi Time  e 3) gravar.

Passo 1:

Inicialize o Sibelius, no menu escolha Sibelius e depois Preferências.

Vai abrir uma janela onde você terá uma opção que é Input Devices ou algo similar para versões do software em português. Se o seu teclado midi já estiver conectado e não aparecer na lista clique em Find new input devices para que o software possa procurá-lo. Ao encontrar, mantenha-o marcado e dê ok.

Passo 2:

Crie uma partitura vazia com os instrumentos que queira adicionar. No exemplo a seguir criamos uma partitura vazia na clave de sol, armadura de clave em fá maior e deixamos a opção de tempo marcada para que seja possível alterá-lo durante o processo de gravação da partitura.

Agora vamos até o menu Note input ( inclusão de notas) e na barra logo abaixo do menu localize a opção Flexi Time. Há uma setinha bem pequena que abre mais opções. Clique nela. Abrirá a janela abaixo com diversas opções para o Flexi Time. Para este post eu mantive a flexibilidade de tempo em médio (rubato). a opção a seguir refere-se a quantos compassos compõem a introdução e a seguir o número total de compassos que se deseja gravar. Na opção Existing music ( música existente) você poderá escolher se quer substituir todas as notas a cada gravação ou se quer adicioná-las. No caso de adicionar a opção overdub deve ser selecionada e a cada performance você estará acrescentando na mesma pauta notas adicionais, caso contrário a performance anterior será apagada. A próxima opção refere-se ao número de vozes que serão gravadas simultaneamente, assim, se escolher mais de uma voz e duas notas forem tocadas simultaneamente elas serão alocadas em vozes separadas. A última opção para o Flexi Time é o metrônomo. mantendo-o marcado, você ouvirá a marcação do tempo enquanto toca.  Esta opção é de extrema importância para garantir que você toque as notas no tempo certo e com isso tenha um bom resultado final na sua partitura evitando muitos ajustes.

Na mesma tela, escolha agora a janela notation. Nesta janela a opção mais importante é o ajuste do ritmo (adjust rhythms no menu Notes Values). Somente use notas com curta duração se a música exigir. No vídeo exemplo a seguir fizemos a gravação de um trecho da música garota de Ipanema de Tom Jobim e neste caso escolhemos que a nota de menor tempo seria a colcheia. Este processo de limitar o tempo das notas é parte do processo de quantificação para garantir os tempos corretos das notas escritas na partitura. As demais configurações nesta janela manteremos sem alteração.

Passo 3

Agora é gravar. Vá até o menu e selecione play. Você localizará uma esfera vermelha que é a tecla de gravação. Ao clicar nela você ouvirá um compasso do metrônomo e logo já deverá começar a tocar.

Uma dica para manter o tempo é ter pelo menos a marcação do baixo ou o ritmo da bateria, mas para quem está acostumado a tocar com o metrônomo isso não é problema. Assista o vídeo no nosso canal do You Tube e veja como o processo é feito na prática.


Música sem Segredos
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