Neste post vamos falar sobre um ritmo e gênero musical característico do nordeste do Brasil: O Baião. O ritmo deriva de um estilo africado chamado de lundu que foi introduzido no Brasil provavelmente pelos escravos originários de Angola. A base rítmica do lundu são os tambores e por essa razão influenciou diversos ritmos brasileiros como samba, maxixe e o baião. A palavra baião deriva do verbo baiar ou bailar.
Na década de 1940, Luiz Gonzaga disseminou o gênero musical em suas composições incorporando outros elementos da cultura brasileira. A base rítmica é bastante marcada pela zabumba, triângulo e o agogô. A melodia e harmonia ficam a cargo da sanfona. À medida que o gênero popularizou, outros instrumentos passaram a ser usados, entre eles o violão, piano, flauta, entre outros. Até mesmo composições para orquestra tornaram-se populares e gênios como Hermeto Pascoal e o maestro Sivuca usam e abusam dele em suas composições.
Como Tocar Baião
Para tocar qualquer instrumento em ritmo de baião é preciso primeiro entender o ritmo dos instrumentos de percussão para então incorporá-lo seja no piano, sanfona ou violão. A figura a seguir mostra a fórmula rítmica básica do baião ao ser tocado na zabumba.
A grande maioria dos ritmos brasileiros são escritos em 2 por 4. O toque da zabumba no baião é uma colcheia pontuada seguido de uma semicolcheia ligada à semínima. Ao tocar, porém, o primeiro toque é mais forte e mais curto (denotado por um staccato que diminui o tempo da nota).
O triângulo em geral é tocado em todo tempo, sendo o primeiro toque mais curto, sendo abafado pela mão do músico. Já o segundo tempo é mais longo. Escrevemos sua notação adicionando um staccato no primeiro tempo. Já o agogô é intercalado nos contratempos podendo ser tocado no tempo mais forte como variação. Na partitura a seguir substituímos o agogô pelo chocalho por praticidade do uso do software de notação musical (neste caso o Musescore 3.0).
Ritmo Básico
A seguir mostramos o ritmo básico do baião tocado por estes três instrumentos e para ficar mais interessante e mais claro, adicionamos um trecho do baião O Ovo de Hermeto Pascoal. Exercite batucando e depois procure aplicar o mesmo ritmo em outro instrumento, como por exemplo o piano ou violão.
Neste exemplo, o chocalho (ou originalmente o agogô) é tocado no contratempo da zabumba.
Variação 1
Outra opção é mostrada pela primeira variação do ritmo mostrada a seguir onde a zabumba é tocada da mesma forma que o exemplo anterior apenas no primeiro tempo. Já no segundo tempo o toque é encurtado para acomodar um segundo toque curto. Neste exemplo mantivemos inalterados o triângulo e o chocalho.
Como dissemos anteriormente, o chocalho (ou agogô) podem ser tocados no mesmo tempo da zabumba ao invés de ser executado no contratempo. Veja o exemplo com a variação 2 a seguir:
Variação 2
Variação 3
Outra variação um pouco mais complexa pode ser obtida tocando o agogô ou chocalho no contratempo, mas com dois toques rápidos de semicolcheia ao invés de apenas um em colcheias, finalizando o compasso com outro toque rápido. Veja como fica esta variação no exemplo a seguir:
O vídeo a seguir mostra todos os exemplos um após o outro dando uma idea geral de como executar este ritmo tão rico da nossa cultura.
Veja o vídeo com os exemplos no You Tube.
Em posts futuros iremos abordar como aplicar os conceitos apresentados para piano e violão. Fique ligado(a).
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