Elementos Básicos da Música: O Som [Altura, Volume e Timbre]

O primeiro elemento que precisamos conhecer para o estudo da música é o Som. Mas o que é o som? Bem, poderíamos entrar em aspectos bastante profundos da física, mas nosso objetivo é o estudo da música, então vou tentar ser o mais prático possível.

O que é o Som

Som é a uma sensação captada pelos nossos ouvidos, mais precisamente pelo sentido da audição e podendo ser um ruído, uma conversa, uma música, um ritmo de percussão, enfim, há muitas formas de sentirmos o som. Do ponto de vista da física, som é uma vibração audível, ou seja, ondas que se propagam entre as frequências de 20 e 20.000 Hz, que é a faixa de frequência que o ouvido humano consegue detectar.

Desta forma, todo som ouvido é causado por alguma coisa que vibra. As vibrações são transmitidas pelo ar na forma de ondas sonoras. O som não se propaga no vácuo, ele precisa de um meio material para se propagar. As ondas sonoras, uma vez viajando no ar acabam por atingir a membrana do tímpano, fazendo com que ele também comece a vibrar. a vibração do tímpano são transformadas pelo nosso cérebro em impulsos nervosos que os identificam com os diferentes tipos de som.

Experimente tocar a corda solta de um violão e verá sua vibração em formas de ondas. Os instrumentos de sopro fazem vibrar a coluna de ar dentro deles, já os eletrônicos enviam uma corrente elétrica proporcional ao som que será gerado no alto-falante e este faz vibrar o ar ao seu redor gerando o som.

O que então difere o ruído de uma nota musical? Bem, o som por ser uma onda possui frequência e amplitude. Quando a relação da frequência com a amplitude é totalmente desordenada, temos um ruído. Quando há um padrão de repetição bem definido temos uma nota musical. Ao observar uma gravação, porém, é muito difícil dizer se o desenho formado pelas ondas referem-se a um ruído ou trata-se de uma música ou discurso. Isso se dá porque ao tocar uma nota musical em um instrumento ou mesmo cantar uma nota, irá produzir seus harmônicos, ou seja, serão vários sons gerados ao mesmo tempo. Na música há uma relação definida entre as frequência, já o ruído é totalmente desordenado.

Diferença entre a forma de onda de uma Nota Musical e o Ruído

Na figura a seguir, utilizando o software open source Audacity (veja mais aqui sobre o Audacity), geramos a forma gráfica de um ruído e de uma nota musical pura, ou seja, sem nenhum harmônico. No mesmo software geramos a forma das ondas de um ruído (neste caso ruído branco, que é um chiado, como o que você ouve em um rádio analógico quando nenhuma estação está sintonizada). Clique nos áudios para ouvir cada um dos sons e perceba a diferença.

Diferença entre ruído e nota musical
Diferença entre Ruído e Nota Musical
Ouvir a Nota Lá (440 Hz)
Ouvir o Ruído Branco

Instrumentos de percussão também produzem vibrações irregulares e podem ser considerados barulho ou ruído. Ao serem tocados seguindo um padrão que chamamos de rítmico, este som se diferencia de um ruído ou barulho.

Para um estudo mais básico do som, tomaremos como exemplo uma nota musical pura. Em cada nota musical ouvida, numa sequência de sons, o seu cérebro irá descobrir e identificar três características fundamentais: a altura, o volume também chamado de intensidade e o timbre.

Altura (Grave/Agudo)

A altura de uma nota depende da frequência que o som está vibrando. a frequência é dada em Hertz (Hz) que significa vibrações por segundo. Este nome foi dado em homenagem ao físico alemão Heinrich Hertz (1857-1894) que fez grande contribuição ao estudo do eletromagnetismo. Tanto na acústica quanto no eletromagnetismo lidamos com a propriedade das ondas, daí a grande importância do trabalho de Hertz.

Um som grave, vibra menos vezes por segundo que um som agudo. No exemplo a seguir, mostramos a onda sonora da nota lá em duas regiões. Na região mais grave temos 110 Hz e na região mais aguda 440 Hz.

Nota lá em diferentes frequências
Nota lá em diferentes frequências

Ouça a nota lá tocada em uma altura mais grave (110 Hz) e compare com o áudio anterior que corresponde à altura do diapasão (440 Hz).

Nota lá em 110 Hz (registro grave)

Você já se perguntou por que o contrabaixo acústico é tão grande e o violino tão pequeno? Ou por que as cordas do contrabaixo é mais grossa que a do violino? A frequência para gerar uma nota quando uma corda é tocada depende de três fatores: o tamanho da corda, o quão distendida ela está e quão grossa ou fina ela é. A regra é simples: quanto mais curta a corda, quanto mais fina e quanto mais distendida, gerará sons mais agudos, ou em frequências maiores. A corda mais longa, mais grossa ou menos distendida gera sons mais graves (frequências menores).

Ao tocar as cordas do violão, à medida que pressiona as cordas sobre o braço do instrumento, você está na verdade diminuindo o tamanho da corda que irá vibrar. Também é pela mesma razão que os bordões são mais espessos que as cordas primas do violão.

O mesmo vale para os instrumentos de sopro. Uma tuba precisa ser maior para quen tenha uma maior coluna de ar durante a vibração, enquanto o flautim precisa de uma coluna de ar pequena para gerar notas em alta frequência. E agora você também já sabe por que os cubos de contrabaixo são tão maiores e mais pesados que os amplificadores de guitarra.

Volume ou Intensidade do som

Para entender o conceito de volume, pegue seu violão, ou qualquer instrumento que tenha em mãos. No caso do violão, pince de leve uma das cordas e ouvirá o som dela bem suave. Pincer novamente a mesma corda, mas com mais pressão e deixe-a vibrar. Você percebe que o som agora é mais forte, apesar se ser a mesma nota. Se seu instrumento for de sopro, sopre de leve e depois com força a mesma nota e perceberá a diferença.

Percebemos que trata-se da mesma nota, ou seja a altura é a mesma para os dois casos, mas a intensidade que ela é tocada é diferente. Em acústica, que estuda a física do som, o volume ou intensidade é chamado de amplitude. Se precisar definir a altura de uma nota, você vai usar um afinador digital que mede sua frequência, mas se for medir a intensidade o melhor equipamento é um decibelímetro. A escala do som não é linear, mas logarítmica e o decibel é a unidade de medida da pressão do som.

Para se ter uma ideia de como essa escala funciona, pense em um violino sendo tocado docemente. O som deste violino vai estar por volta de 25 dB (decibéis). Já uma orquestra tocando com força máxima estará próxima de 100 dB. Sons acima de 120 dB estão próximos do limiar de dor. Um exemplo de som próximo de 120 dB é o da turbina de avião ou mesmo uma explosão. Perceba que de 100 dB que é o som da orquestra tocando para 120 dB que é o som da turbina do avião a diferença é muito grande, mas a diferença é de apenas 20dB. Por que isso acontece? Pelo fato da escala não ser linear, mas logaritmica, ou seja, um pequeno aumento na escala gera um grande aumento na pressão do som.

A figura a seguir mostra a onda sonora da nota lá, ambas na frequência de 440 Hz, mas em diferentes intensidades. Perceba que no eixo to tempo (horizontal) as duas ondas cortam o eixo exatamente no mesmo ponto, o que significa que possuem exatamente o mesmo número de vibrações por segundo, ou seja, possuem a mesma frequência ou a mesma altura. Já no eixo vertical que vai de 0 a 1 ou de 0 a 100%, temos a intensidade, ou volume. No primeiro caso, temos uma amplitude de 0,30 e no segundo caso uma amplitiude de 0,90. Se você ouvir ambas com a mesma regulagem de volume em seu computador verá a diferença no volume. A amplitude não é exatamente a pressão sonora (medida em decibéis), mas é proporcional a ela.

Nota lá a 440 Hz e diferentes Intensidades (Amplitudes)
Ouvir a Nota Lá (440 Hz) com amplitude 0,90
Ouvir a nota lá (440 Hz) com amplitude 0,30

São as diferentes intensidades em diferentes trechos da música que mudam a nossa sensação e interpretação da peça musical. A isso chamamos de dinâmica. Uma banda de rock tocando em volume máximo o tempo todo não tem espaço para variação de volume, e portanto, neste caso não há dinâmica. Já em uma peça clássica, há momentos em que o maestro sinaliza para tocar mais suave, em outros, mais forte. Isso dá dinâmica à peça.

Timbre

Timbre é a palavra que descreve a característica ou qualidade sonora de um instrumento ou voz. É pelo timbre que se reconhece, por exemplo, a diferença entre um violão, um saxofone ou o piano ainda que todos os instrumentos estejam tocando a mesma nota. O timbre de cada instrumento é definido por diversos fatores, tais como: o material que se utilizou para fabricar o instrumento, a maneira como os sons são produzidos e como ressoam, mas o fator mais importante é o que diz respeito aos harmônicos.

Quando uma corda é esticada ou quando o ar dentro de um tubo começa a vibrar, tanto a corda como o tubo, além de vibrar como um todo, vibram ao mesmo tempo em suas duas metades, seus três terços, quatro quartos, etc. A nota que ouvimos é resultado de todas as vibrações, mas a nota mais grave é a geradora (ou fundamental) de uma sequência de notas, chamada de série harmônica (para saber mais sobre a série harmônica veja nosso post sobre este tema clicando aqui). São os harmônicos soando junto com a nota fundamental que dão ao instrumento o seu som característico e um colorido especial para o som da nota geradora.

Alguns instrumentos geram mais harmônicos que outros e cada um faz ressaltar os seus próprios harmônicos. É, de fato, a potência relativa dos harmônicos e a maneira com que se misturam que dão ao instrumento seu som único e característico.

Ouça a composição Allegro deciso (The water Music) de Händel interpretada pela Orquestra Sinfônica de Londres, e perceba os diferentes timbres dos instrumentos combinados. Em alguns momentos é possível ouvir diferentes sessões (cordas, metais, percussão) de forma mais individualizada e em outros momentos todos os timbres misturados dando mais potência ao som. Perceba a música ora fica forte, ora mais suave, o que exemplifica a dinâmica e o uso do volume na interpretação da composição.

Para Saber Mais

Elementos Básicos da Música – Roy Bennet. Jorge Zahar Editor

Os Elementos da Música – Jason Martneau & Jussara A. Trindade

Viola Sertaneja – Faça sua Tablatura no Musescore

Quem curte tocar viola caipira, também conhecida como viola sertaneja, tem muitas vezes dificuldade de encontrar tablaturas para executar solos, ou mesmo passagens durante a música. Por que não preparar suas próprias tablaturas? Neste post, vamos dar o passo a passo para que você possa fazer isso usando um software gratuito para edição musical.

O software

Para construir a tablatura, usaremos o Musescore. Este é um editor de partituras open source, em outras palavras, gratuito. Mais do que gratuito, é um programa que conta com uma grande rede de músicos entusiastas e colaboradores que o mantém atualizado e sem nada a desejar em relação aos softwares pago. Atualmente está na versão 3.6.2 e a versão 4 já está em desenvolvimento.

Apesar de ser um programa bastante completo, o Musescore não possui em sua lista de instrumentos a viola caipira. Este é um instrumento muito popular no Brasil, mas pouco conhecido e pouco usado fora do país. Então, para que seja possível implementar a tablatura de uma viola caipira, teremos que construí-la do zero ou partir da tablatura de um violão acústico.

Afinações da Viola

O primeiro passo neste processo é escolher a afinação da viola que se quer utilizar. Neste exemplo, usaremos a afinação Cebolão em Mi, que dá o acorde de mi maior quando as cordas do instrumento são tocadas soltas.

Para mais informações sobre afinações clicando aqui.

Neste caso da afinação Cebolão em Mi, ficaremos da seguinte forma.

Notas da afinação Cebolão em Mi na viola Sertaneja

As cordas da viola são contadas da mesma forma que as do violão, ou seja, de baixo para cima. Desta forma, o primeiro par é afinado em mi, sendo as duas notas na mesma altura. As cordas 3 e 4 são afinadas também na mesma altura, mas em si. Para a afinação Cebolão em mi, o primeiro e o segundo pares têm a mesma afinação que as cordas 1 e 2 do violão.

A partir do terceiro par, as cordas da viola são oitavadas. Assim, o terceiro par é afinado em sol sustenido, mas com distâncias de uma oitava. O mesmo ocorre com os pares 4 e 5 que são afinados em mi e si respectivamente.

Alterando a Tablatura do violão

O próximo passo é criar uma nova partitura ou editar instrumentos de uma existente. Para isso, vá em Arquivo>Novo. Isso vai abrir a janela de configuração de uma nova partitura. Clique em continuar e chegará na janela de escolha de instrumentos. Clique em escolher instrumento e depois em continuar. Abra a opção cordas dedilhadas e escolha a opção tablatura para violão clássico ou acústico. Adicione à partitura e clique em concluir.

Você verá a sua tablatura conforme a figura a seguir.

Tablatura para violão
Tablatura para violão

A tablatura para violão possui seis cordas. No nosso caso trabalharemos com cinco pares. Então a primeira coisa a fazer é apagar uma das cordas e na sequência mudar a afinação das demais.

Para fazer isso, clique sobre o primeiro compasso e clique com o botão direito. Agora escolha a opção editar partitura.

editar partitura no Musescore
Opção de editar Partitura

Você verá uma caixa de diálogo como a da figura a seguir:

Caixa de Diálogo para editar a partitura

No item propriedades da Pauta, vemos que a tablatura tem 6 linhas, que referem-se a cada corda do violão. Vamos então alterar para 5 linhas. No item Propriedades das Partes, vamos alterar os nomes para viola. Após estas alterações nossa tablatura ficará assim:

Alterando o número de linhas

Tablatura após primeira alteração.

Agora precisamos alterar as cordas. Para fazer isso, clique em Editar dados das cordas. Você verá que ainda aparecem 6 cordas.

Editando as Cordas

Dados das Cordas na Partitura

Então vamos apagar o mi mais grave. As cordas 1 e dois vamos manter como estão. Na corda 3 vamos alterar para sol sustenido (ou lá bemol). Em relação às alturas, precisamos identifica-las, e para isso usaremos a figura a seguir:

Referência para altura das cordas da viola

O primeiro par ficará E4, o segundo par B3, o terceiro par G#3, o quinto par E3 e sexto par B2. Para alterar os dados das cordas, basta dar dois cliques:

Janela com opção de alteração das cordas.

Neste exemplo, não foi possível encontrar sol sustenido, então usamos l´á bemol .

Após fazer estas alterações ficaremos da seguinte forma:

Cordas após alteração

Então basta dar ok, aplicar e ok de novo na janela maior. Nossa tablatura agora reflete as cordas da viola.

Inserindo a Música

Se você tiver a sua partitura escrita em outro arquivo basta selecionar, copiar e colar nesta tablatura. Se preferir escreve-la na clave sol neste mesmo arquivo, basta criar outro instrumento, preferencialmente o violão, já que usamos a partitura para violão como base. Se usar outro instrumento, pode ser que suas notas caiam fora do range, uma vez que o violão soa uma oitava abaixo do que ele está escrito.

Neste exemplo vamos inserir um novo instrumento, o violão, mas agora na clave de sol. Para isso vá em Editar Instrumento.

Editar Instrumento

Agora escolha o violão acústico e o adicione à partitura clicando em Add to Score e depois em ok.

Sua partitura ficará da seguinte forma:

Partitura para violão e Tablatura para viola
Partitura para violão e Tablatura para viola

Agora escreva sua música na partitura de violão, depois basta selecionar, copiar e colar na Tablatura de viola. No exemplo abaixo, mostramos o trecho de uma música escrita na partitura de violão e a tablatura para a viola após copiar e colar.

Trecho de música em Tablatura para viola e partitura para violão

Explicação em Vídeo

Veja também este tutorial em vídeo em nosso canal no You Tube.

Para Saber Mais

Viola Caipira- Wikipedia : https://pt.wikipedia.org/wiki/Viola_caipira.

Cancioneiro de Viola Caipira – Volume 1

Projeto Guri – Livro Viola Caipira – Básico 1, livro didático, Autor: João Paulo Amaralhttp://www.projetoguri.org.br/novosite/wp-content/uploads/2017/11/Livro-Educador-Viola-Caipira_2011.pdfhttp://www.projetoguri.org.br/livros-didaticos/.

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