Villa-Lobos: Uma Jornada Sonora pela Cultura brasileira.

Prepare-se para uma viagem fascinante pela vida e obra de Heitor Villa-Lobos, o maestro que revolucionou a paisagem sonora brasileira e a levou ao palco mundial. Villa-Lobos, mais do que um simples compositor, foi um verdadeiro alquimista sonoro. Ele conseguiu fundir a rica música popular brasileira com a tradição clássica europeia, criando um universo musical único e inconfundível.

Raízes Cariocas e Alma Viajante

Nossa jornada começa no Rio de Janeiro em 1887, onde Heitor Villa-Lobos nasceu em meio a um ambiente cultural vibrante. Filho de um violoncelista amador e de uma família que amava música, Villa-Lobos demonstrou um talento excepcional desde cedo. O violão e o violoncelo se tornaram seus inseparáveis companheiros, abrindo as portas para um universo de possibilidades sonoras.

A inquietação, no entanto, pulsava em suas veias. Insatisfeito com a educação musical formal, Villa-Lobos decidiu explorar o Brasil profundo, absorvendo as melodias e ritmos das mais diversas regiões. Do batuque do samba carioca ao ritmo nordestino, passando pela energia contagiante do frevo pernambucano, cada experiência moldou sua identidade musical.

A Música como Instrumento de Educação

Villa-Lobos não se restringiu apenas à composição e regência. Ele sonhava com um Brasil onde a música fosse acessível a todos, servindo como um instrumento de educação e transformação social. Sua visão inovadora levou à criação do Orfeão dos Coros Escolares, um projeto que introduziu o canto coral nas escolas públicas, despertando o amor pela música em milhares de crianças.

Villa-Lobos acreditava que a música tinha o poder de despertar a sensibilidade, a criatividade e o senso de coletividade. Para ele, a educação musical era essencial para a formação do cidadão e para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Bachianas Brasileiras

Ao longo de sua prolífica carreira, Villa-Lobos compôs uma vasta obra que abrange desde peças para violão solo até sinfonias e óperas. As Bachianas Brasileiras é uma das obras mais conhecidas internacionalmente do compositor e são verdadeiras obras-primas.

Nas Bachianas Brasileiras, Villa-Lobos realiza um diálogo musical entre o compositor alemão Johann Sebastian Bach e a música popular brasileira. Em nove suítes, ele mescla a complexidade da música barroca com os ritmos e melodias do folclore brasileiro, criando uma obra de beleza e originalidade surpreendentes.

As Bachianas são um exemplo da capacidade de Villa-Lobos de transcender as fronteiras entre os gêneros musicais. Ele demonstra que a música popular brasileira, muitas vezes vista como “menor”, pode dialogar em pé de igualdade com a tradição erudita europeia.

Ao todo as Bachianas são compostas de nove composições. Os movimentos possuem nomes clássicos como por exemplo, Introdução, mas entre parêntesis trazem alguma palavra em português como por exemplo Embolada, na Bachianas N.o 1. Essa é uma das maneiras de Villa-Lobos envocar a cultura brasileira em sua obra.

Bachianas No. 1

No vídeo a seguir você pode ouvir as Bachianas N0. 1 interpretada pela Orquestra Filarmônica de Berlim. Esta obra possui três movimentos e foi composta para Cellos. O primeiro movimento é a Introdução (Embolada), o segundo é o Prelúdio (Modinha) e o terceiro uma Fuga (Conversa)

Bachianas No. 2

Nas Bachianas No.2 encontramos o famoso tema “O Trenzinho do Caipira”. Villa-Lobos incorpora em sua música os sons do da viagem de trem através dos instrumentos da orquestra. A chegada do trem na estação e o barulho dos freios é tocada de forma impressionante pelos violinos.

O ritmo constante e pulsante imita o som de um trem em movimento, os instrumentos de sopro, como trompetes e trombones, são usados para imitar o apito do trem. A percussão, especialmente o prato, é usada para simular o som do trem passando por trilhos e cruzamentos e as cordas são usadas para criar uma textura sonora que lembra o barulho contínuo do trem.

No vídeo a seguir você pode ouvir a obra completa interpretada pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. A composição possui 4 movimentos, sendo: Prelúdio (O canto do capadócio) , Ária (O canto da nossa terra), Dança (Lembrança do sertão) e Tocata (O trenzinho do caipira).

Bachianas No. 3

As Bachianas No. 3 é um concerto para piano e orquestra, embora Villa-Lobos não tenha dado nome de concerto à obra.

A obra tem quatro movimentos: 1. Prelúdio (Ponteio) 2. Fantasia (Devaneio) 3. Ária (Modinha) 4. Toccata (Picapau). O Prelúdio (Ponteio) Este movimento é uma introdução lenta e meditativa que estabelece o tom para a peça. É caracterizado por sua melodia lírica e harmonia rica. A Fantasia (Devaneio)  é o movimento mais longo e complexo da peça. Ele apresenta uma série de variações temáticas e é marcado por sua estrutura livre e improvisada. A Ária (Modinha) é uma canção lírica e emotiva. É uma homenagem à modinha, um tipo de canção popular brasileira e a Toccata (Picapau)  é o movimento final e é caracterizado por seu ritmo rápido e energético. É uma representação musical do pássaro picapau, conhecido por seu bater rápido e repetitivo.

No vídeo a seguir você pode ouvir a Bachianas número 3 completa interpretada pela Orquestra Filarmônica Húngara.

Bachianas No.4

As Bachianas No.4 foi composta originalmente para piano. No entanto, Villa-Lobos também fez uma transcrição para orquestra em 1942. Portanto, a peça pode ser executada tanto em uma configuração solo de piano quanto em uma configuração orquestral. A versão orquestral é conhecida por sua rica instrumentação e a versão para piano destaca as convergências entre as linguagens barroca e brasileira

A obra possui quatro movimentos. São eles: 1.Prelúdio (Introdução) 2. Coral (Canto do sertão) 3. Ária (Cantiga) e 4. Dança (Miudinho).

No vídeo a seguir você pode ouvir a Bachianas número 3 completa interpretada pela Orquestra Sinfônica de São Paulo.

Bachianas No. 5

A Bachianas No. 5 foi composta para oito violoncelos e voz soprano. É uma das mais conhecidas obras de Villa-Lobos internacionamente e foi a mais gravada no Brasil e no âmbito internacional.

No vídeo a seguir você pode ouvir a Bachianas número 5 interpretada pela Orquestra Sinfônica de Berlin e na voz da soprano Anna Prohaska. Esta Bachiana possui dois movimentos escritos para 8 violoncellos e Soprano.

Primeiro Movimento (Ária/Cantilena):

  • Este movimento é caracterizado por uma melodia vocal expressiva, apoiada pela harmonia dos violoncelos.
  • A letra é um poema de Ruth Correia Leite Cardoso, que Villa-Lobos escolheu por sua beleza lírica e conexão com a natureza.
  • A prosódia do poema é cuidadosamente considerada na composição, com a melodia e o ritmo da música refletindo o fluxo natural das palavras.

Segundo Movimento (Dança/Martelo):

  • Este movimento é uma representação musical dos pássaros brasileiros, com a letra de Manuel Bandeira descrevendo várias espécies em seu habitat natural.
  • A música neste movimento é mais animada e rítmica, refletindo a energia e a diversidade da vida selvagem brasileira.
  • O maestro enfatiza a importância de conhecer e entender ambos os movimentos para apreciar plenamente a peça.

Bachianas No. 6

As Bachianas No.6 é a mais curta de todas e possuiu dois movimentos. O primeiro movimento combina choro com seresta e contraponto e o segundo movimento é descrito como mais livre e improvisatório. Ele chama o primeiro movimento de Ária (Choro) e Fantasia (Allegro).

No vídeo a seguir você pode ouvir a Bachianas número 6 completa interpretada pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Villa-Lobos brinca com elementos da musica popular brasileira e a música barroca.

Bachianas No. 7

A Bachianas No. 7 foi composta com quatro movimentos: O Prelúdio (Ponteio), a Giga (Quadrilha Caipira) , a Toccata (Desafio) e Fuga (Conversa). Vale um destaque para a palavra Giga que é uma dança irlandesa. Villa-Lobos também apresenta o segundo movimento como uma quadrilha caipira que também é uma dança. Dessa forma, ele mais uma vez conecta a cultura brasileira com o barroco.

No vídeo a seguir a Bachianas Brasileiras No.7 é interpretada pela Orquestra Sinfônica da Radio e Televisão Espanhola (RTVE).

Bachianas No. 8

As Bachianas No. 8 é dividida em 4 movimentos: Prelúdio (Adágio), Ária (Modinha), Toccata (Catira Batida) e Fuga. Mais uma vez vemos ritmos brasileiros como a Catira mostrando o nacionalismo do compositor.

Bachianas Brasileiras No. 8, possui três movimentos: Ária, Toccata (Catira Batida) e Fuga. No vídeo a seguir você pode ouví-la interpretada pela Orquestra Jovem de Madrid.

Bachianas No. 9

A Bachianas Brasileira No. 9 possui dois movimentos, sendo um Prelúdio (Vagaroso e Místico) e uma Fuga (Pouco Apressado). No vídeo a seguir você pode ouvir as Bachianas No.9 interpretada pela Orquestra Filarmônica de Fresno.

Choros: A Alma do Brasil em Movimento 

Os Choros são uma série de composições que exploram a diversidade rítmica e instrumental da música brasileira. Do solo de violão ao conjunto de câmara, os Choros capturam a essência do choro, um gênero musical tipicamente brasileiro que combina elementos de música europeia, africana e indígena.

Cada choro é um universo em si, com suas particularidades e sua energia contagiante. Em conjunto, eles formam um painel vibrante da cultura brasileira, uma celebração da improvisação, da virtuosidade e da alegria de fazer música.

Heitor Villa-Lobos, o famoso compositor brasileiro, compôs uma série de 14 obras chamadas “Choros”. No entanto, duas dessas obras foram perdidas. Portanto, atualmente, temos 12 “Choros” de Villa-Lobos disponíveis. Essas obras foram compostas entre 1920 e 1929. Cada “Choro” é único e apresenta uma variedade de estilos musicais.

Choro No.1 : Violão

Villa-Lobos compôs choros para vários instrumentos. O Choro No.1, por exemplo foi composto para violão. O vídeo a seguir mostra esta obra interpretada por Julian Bream.

Choro No.2 : Flauta e Clarinete

Já o choro No.2 foi composto para flauta e clarinete. O vídeo a seguir mostra a obra interpretada por Marcelo Bomfim e Cristiano Alves.

A Seguir mostramos uma lista de todos os choros compostos por Villa-Lobos com os respectivos instrumentos para os quais foram compostos:

Lista dos Choros

  1. Choro nº 1: Violão
  2. Choro nº 2: Flauta e clarinete
  3. Choro nº 3 (“Pica-pau”): Coro masculino ou sete instrumentos de sopro, ou ambos juntos
  4. Choro nº 4: Três trompas e trombone
  5. Choro nº 5 (“Alma brasileira”): Piano
  6. Choro nº 6: Orquestra
  7. Choro nº 7 (“Settimino”): Flauta, oboé, clarinete, saxofone, fagote, violino, violoncelo, com o tam-tam ad lib
  8. Choro nº 8: Orquestra com 2 pianos
  9. Choro nº 9: Orquestra
  10. Choro nº 10 (“Rasga o coração”): Coro e orquestra
  11. Choro nº 11: Piano e orquestra
  12. Choro nº 12: Orquestra
  13. Choro nº 13: Duas orquestras e bandas (agora perdido)
  14. Choro nº 14: Orquestra, banda e coro (agora perdido)

O Legado de Villa-Lobos: Uma Sinfonia Inacabada

Heitor Villa-Lobos faleceu em 1959, deixando para trás um legado musical inestimável. Sua obra continua a inspirar gerações de músicos e compositores, dentro e fora do Brasil. Sua visão de uma música brasileira universal, que dialoga com o mundo sem perder suas raízes, permanece atual e inspiradora.

Villa-Lobos nos ensinou que a música é um instrumento poderoso de expressão, educação e transformação social. Ele nos mostrou que a riqueza cultural do Brasil é um tesouro a ser explorado e compartilhado com o mundo. Sua música é uma sinfonia inacabada, um convite para continuarmos a construir um país mais justo, mais humano, mais musical.

Como Explorar o Universo Sonoro de Villa-Lobos? 

Se você deseja se aventurar pelo universo sonoro de Villa-Lobos, aqui está uma lista de suas composições:

Heitor Villa-Lobos foi um prolífico compositor brasileiro, e suas obras abrangem uma variedade de gêneros. Aqui estão algumas de suas composições mais notáveis:

Choros:

  • Introdução aos Choros, para violão e orquestra (1929)
  • Choro Nº 1 para violão (1920)
  • Choro Nº 2 para flauta e clarinete (1924)
  • Choro Nº 3 “Pica-páo” (Pica-pau) para clarinete, fagote, saxofone, 3 trompas e trombone, ou para coro masculino, ou os dois juntos (1925)
  • Choro Nº 4 para 3 trompas e trombone (1926)
  • Choro Nº 5 para piano (1925) “Alma brasileira”
  • Choro Nº 6 para orquestra (1926)
  • Choro Nº 7 “Settimino” para flauta, oboé, clarinete, saxofone, fagote, violino, violoncelo, com o tam-tam ad lib. (1924)
  • Choro Nº 8, para orquestra com 2 pianos (1925)
  • Choro Nº 9, para orquestra (1929)
  • Choro Nº 10 para coro e orquestra (1926) “Rasga o coração”
  • Choro Nº 11 para piano e orquestra (1928)
  • Choro Nº 12, para orquestra (1929)
  • Choro Nº 13 para 2 orquestras e bandas (1929) agora perdido
  • Choro Nº 14 para orquestra, banda e coro (1928) agora perdido
  • Choro bis, para violino e violoncelo (1928-29)
  • Quinteto (em forma de choros) para flauta, oboé, trompa, clarinete e fagote (1928); arr. flauta, oboé, clarinete, trompa, fagote (1951)

Bachianas Brasileiras:

  • N° 1 para pelo menos 8 violoncelos (1930-38)
  • Nº 2 para orquestra (1930)
  • Nº 3 para piano e orquestra (1938)
  • Nº 4 para piano (1941)
  • Nº 5 para voz e, pelo menos, 8 violoncelos (1945)
  • Nº 6 para flauta e fagote (1938)
  • Nº 7 para orquestra (1942)
  • Nº 8 para orquestra (1944)
  • Nº 9, para coro ou orquestra de cordas (1945)

Concertos:

  • Suíte para piano e orquestra (1913)
  • Concerto nº 1 para violoncelo e orquestra (1915)
  • Fantasia em movimentos mistos para violino e orquestra (1921)
  • O Martírio dos Insetos para violino e orquestra (1925)
  • Momoprecoce, Fantasia para piano e orquestra (1929) ou banda (1931)
  • Ciranda das Sete Notas para fagote e orquestra de cordas (1933)
  • Concerto nº 1 para piano e orquestra (1945)
  • Concerto nº 2 para piano e orquestra (1948)
  • Fantasia para saxofone soprano, três trompas e cordas (1948)
  • Concerto para violão e orquestra Fantasia Concertante (1951), para Andrés Segovia
  • Concerto nº 3 para piano e orquestra (1957)
  • Concerto nº 4 para piano e orquestra (1952)
  • Concerto para harpa e orquestra (1953), para Zabaleta
  • Concerto nº 2 para violoncelo e orquestra (1953)

Outras composições notáveis incluem “Cair da tarde”, “Evocação”, “Melodia sentimental”, “Miudinho”, “O Canto do Uirapuru”, “Quadrilha”, “Descobrimento do Brasil”, “Cantinela”, “A floresta do Amazonas”, “Melodia Sentimental”, “Uirapuru”, “Rudepôema”.

Explore, experimente, descubra! A música de Villa-Lobos é uma porta de entrada para um mundo de beleza, emoção e descobertas.

Música Nordestina: Arranjos e histórias sobre a Canção Feira de Mangaio de Sivuca e Glorinha Gadelha.

Se você não é nordestino como eu, já deve ter se perguntado: O que é a feira de Mangaio? Antes de falarmos sobre a música, vamos fazer uma viagem ao nordeste brasileiro para descobrir o seu significado.

A palavra original no dicionário é mangalho que refere-se a produtos de pequena lavoura e da indústria doméstica vendidos nas feiras e mercados do interior (Dicionário Aurélio). A forma de falar do interior do nordeste brasileiro alterou a palavra para mangaio. Sivuca e Glorinha Gadelha consagram o termo em sua obra-prima Feira de Mangaio.

A história da Música

Glorinha e Sivuca moravam em Nova York na década de 1970 e frente à grande movimentação na cidade tinham saudades das feiras de Itabaiana na Paraíba. Glorinha conta que escrevia a letra em qualquer papel que estivesse à mão e que usou até guardanapos de uma lanchonete de Nova York quando começaram sua primeira composição juntos.

A letra de Feira de Mangaio traz o regionalismo típico do nordeste, com palavras usadas na linguagem coloquial. A própria palavra mangaio, d´á origem a outros vocábulos como mangaieiro, que é o feirante que ali trabalha o dia todo e de vez em quando vai tomar sua cachacinha comendo lambu assado, outra palavra que em outras localidades é conhecida como nhambúm nambu ou Inhambu e é uma ave. O loambu assado, é um prato típico da região onde Sivuca nasceu.

Outros regionalismos são cabresto de cavalo, também comum em outras regiões é um tipo de corda que se utiliza para obter o controle do animal, fazendo-o olhar em determinada região. Já rabichola é uma tira de couro, usada para segurar um tipo de sela em animais de carga. A música traz ainda o verbo xaxar que significa roçar, ou preparar o campo para o plantio. Outra expressão pouco comum é alpargata de arrasto que é um calçado feito de tecido e sola de borracha ou corda. A expressão de arrasto sugere que o calçado é usado de forma a arrastá-la pelo chão de forma relaxada ou casual ou ainda significando que a ocasião está muito boa e não dá vontade ir embora.

Letra da Música

Fumo de rolo, arreio de cangaia
E eu tenho pra vender, quem quer comprar?
Bolo de milho, broa e cocada
Eu tenho pra vender, quem quer comprar?

Pé de moleque, alecrim, canela
Moleque, sai daqui! Me deixa trabaiar
E Zé saiu correndo pra feira de pássaros
E foi pássaro voando pra todo lugar

Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Joá

Cabresto de cavalo e rabichola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar?
Farinha, rapadura, e graviola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar?

Pavio de candeeiro, panela de barro
Menino, eu vou-me embora, tenho que voltar
Xaxar o meu roçado que nem boi de carro
Alpargata de arrasto não quer me levar

Porque tem um sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem o Zefa de Purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar

Mas é que tem um sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem o Zefa de Purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar

Fumo de rolo, arreio de cangalha
Eu tenho pra vender, quem quer comprar?
Bolo de milho, broa e cocada
Eu tenho pra vender, quem quer comprar?

Pé de moleque, alecrim, canela
Moleque, sai daqui! Me deixa trabaiar
E Zé saiu correndo pra feira de pássaros
E foi pássaro voando em todo lugar

Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Joá

Mas é que tem um sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem o Zefa de Purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar

Curiosidades

Uma curiosidade é o nome artístico Sivuca. Você pode se perguntar : Por que Sivuca? Ele conta em entrevistas que quando começou sua carreira musical, foi até à radio de Itabaiana para se inscrever no programa de calouros. Ali conheceu o Maestro Nelson Ferreira. Após tocar diversas música, o maestro ficou espantado e disse: Mas vocÇe quer participar de programa de calouro tocando desse jeito? Nós vamos fazer um programa aqui amanhã. Chamou então o produtor e arranjou tudo para que o programa acontecesse. No entanto, o diretor da rádio, Sr. Arnaldo Moreira Pinto comentou que o nome dele, Severino Dias de Oliveira, parecia nome de empresa do interior. Nelson então propôs chamá-lo de Sivuca. Si faz referência a Severino e vuca ao vuco-vuco da sanfona. Assim nasceu o nome artístico Sivuca.

Arranjo para Violão e Bandolim

Originalmente Feira de Mangaio é uma música tocada com sanfona, mas neste post gostaria de apresentar uma versão para Bandolim e violão e outra para violino e violão.

Os arranjos mantém a melodia original, mas trazem uma alternativa interessante para apresentações com instrumentos de cordas ou para casos em que a banda não tenha sanfoneiros.

Arranjo para Violino e Violão

Versão para Violino e Violão

Você pode adquirir a partitura desse arranjo clicando no botão e será direcionaod para o site de partituras SheetMusicDirect.com. Nesta versão do arranjo, a partitura traz um arquivo em PDF contendo a partitura completa com os dois instrumentos e mostrando também a tablatura com acordes para violão. No mesmo arquivo você também encontra as partes em separado, sendo que a partitura do violão traz também a tablatura.

Arranjo para Bandolim e Violão

Versão para Bandolim e Violão

Nesta versão para Bandolim, além da tablatura para violão, o arquivo em pdf também traz a tablatura para bandolim. Da mesma forma que o arranjo anterior, o arquivo em PDF traz a versão completa, neste caso com partituras e tablaturas para ambos instrumentos, além das partes em separado.