Elas Não Eram Só Musas: O Grito das Compositoras que Moldaram o Rock

Sabe, quando a gente pensa em rock’n’roll, a imagem que muitas vezes vem à mente é a de um guitarrista virtuoso, um vocalista carismático, um baterista enérgico… e, quase sempre, são homens. Mas e as mulheres? Onde elas estavam nessa história toda? Acredite, elas estavam lá. Desde o começo. Empunhando instrumentos, escrevendo letras, quebrando barreiras e, principalmente, compondo a trilha sonora de suas próprias revoluções.

O livro “Mulheres do Rock“, deixa isso claro logo de cara: as mulheres na história do rock não são poucas, mas são poucas as que são lembradas. É como se um holofote seletivo iluminasse apenas alguns nomes, enquanto exércitos de musicistas talentosas permanecessem nas sombras da narrativa oficial, aquela escrita majoritariamente por homens.

Pense em Patti Smith, lá nos anos 70, lamentando a falta de modelos femininos para se inspirar. Ela não estava sozinha nessa busca. A própria necessidade de procurar por referências já dizia muito sobre o cenário da época. Mas Patti não esperou que os modelos aparecessem; ela se tornou um. Com sua poesia visceral e atitude punk, ela pegou a “tesoura”, como metaforicamente disse sobre cortar as fotos de Keith Richards para estudar seu estilo, e abriu seu próprio caminho “à machadada”, saindo da era folk para cravar seu nome na pedra fundamental do punk rock. Sua faixa “Gloria (In Excelsis Deo)”, mesclando sua poesia “Oath” com o clássico de Van Morrison, não era só música, era uma “declaração de existência”, o grito de uma artista reivindicando seu direito de criar, de existir para além de gênero ou categoria social.

Essa necessidade de autoafirmação, de provar que podiam não apenas cantar, mas criar, compor, definir sua própria arte, é um fio condutor na história de muitas dessas mulheres.

Dos Anos 60 e 70: Entre o Folk, o Soul e a Psicodelia

Os anos 60 e 70 foram um caldeirão cultural e musical. Enquanto o folk abria espaço para vozes femininas como a de Joan Baez – que, mais do que cantora, se via como ativista política e social, usando sua música como ferramenta de protesto (“We Shall Overcome”) – e Joni Mitchell – uma artista completa, pintora e musicista, que em “Blue” expunha sua alma sem filtros, lutando contra a gaiola dourada do sucesso e a classificação fácil –, o rock ainda era um clube majoritariamente masculino.

Joni Mitchell, aliás, sentiu na pele a dificuldade de ser vista além da “poetisa confessional”. A comparação constante com Bob Dylan, a necessidade de justificar sua arte multifacetada… Ela queria a liberdade de experimentar, de mudar, algo que para os homens era natural, mas para ela parecia exigir uma batalha constante. “A liberdade me serve para poder criar, e, se não posso criar, não me sinto viva”, desabafou.

Enquanto isso, Janis Joplin, com sua voz rasgada e entrega visceral, encarnava o soul e o blues, mas sua figura era frequentemente reduzida à sua vida pessoal turbulenta e sexualidade livre. Compunha, sim, mas a imagem da mulher “selvagem” muitas vezes ofuscava a artista. Sua irônica “Mercedes Benz”, gravada à capela dias antes de sua morte, é um testamento agridoce de seu talento e espírito indomável, mas a narrativa sobre ela frequentemente parava na frase icônica: “No palco, faço amor com vinte e cinco mil pessoas. Depois, volto para casa e me encontro sozinha.”

No olho do furacão psicodélico, Grace Slick, à frente do Jefferson Airplane, escrevia hinos geracionais como “White Rabbit”. Inspirada por Miles Davis e LSD, ela compôs uma música que se tornou a bandeira de um movimento, mas, como mulher na banda, enfrentou resistências internas. A maternidade de sua antecessora, Signe Anderson, havia sido vista como um “problema”, e a presença de outra mulher levantava receios. Grace, no entanto, com sua voz potente e atitude desinibida, provou que estavam errados, mesmo que sua sexualidade livre, assim como a de Janis, desviasse a atenção de seu talento.

E não podemos esquecer de Yoko Ono. Sua história é emblemática da misoginia e do racismo que podem cercar uma mulher que ousa entrar no “espaço sagrado” de uma banda masculina. Detestada por muitos fãs e pela imprensa, acusada de separar os Beatles, ela era uma artista Fluxus, experimental, com uma carreira própria antes de Lennon. A luta para ter seu nome reconhecido como coautora de “Imagine”, um desejo expresso por John Lennon antes de morrer, só se concretizou em 2017. Uma demora que simboliza a dificuldade histórica em dar crédito às contribuições femininas. John admitiu: “Eu ainda era muito egoísta e não tinha consciência, e acabei me apropriando de sua contribuição”.

A Explosão Punk e New Wave: Atitude e Autonomia

Se os anos 60 e 70 começaram a rachar a parede, o final dos anos 70 e os anos 80, com o punk e a new wave, vieram com a marreta. O lema “faça você mesmo” (Do It Yourself) foi um convite aberto para que as mulheres pegassem guitarras, formassem bandas e gritassem suas verdades, sem pedir licença.

Patti Smith já havia preparado o terreno, mas agora uma nova leva de mulheres tomava a cena de assalto. Debbie Harry, com o Blondie, era a personificação do cool. Tingir o cabelo de loiro era um ato subversivo, e ela, com seu visual icônico e letras afiadas como em “One Way or Another” (uma música sobre um stalker, que ela transformou em hino de superação), navegava entre o punk, a new wave e o disco, sempre no controle de sua imagem. “Eu era a vocalista de um grupo de homens, eu não poderia ser realmente fofinha. Eu era, mas devia também fazer o papel de durona”, refletiu sobre os papéis impostos.

Chrissie Hynde, líder dos Pretenders, era a personificação da resiliência. Durona, sem papas na língua, indiferente à moda e fiel a si mesma, ela conquistou o respeito em um ambiente hostil. Sua música “Brass in Pocket”, com o refrão “I’m special, so special”, soava como uma merecida revanche. Ela não poupava críticas, nem mesmo aos colegas, e defendia a irreverência como a alma do rock.

Na Inglaterra, Siouxsie Sioux, com os Banshees, trazia uma estética gótica e uma postura desafiadora. Ela não se encaixava nos moldes, e sua presença magnética e sombria influenciou gerações. “Eu queria que acontecesse algo apocalíptico”, disse sobre seus primeiros tempos, e sua música, de fato, carregava essa intensidade.

E tivemos The Slits. Quatro mulheres que, na capa de seu álbum “Cut” (1979), apareceram nuas e cobertas de lama, como guerreiras tribais. Elas misturavam punk, reggae e world music com uma insolência contagiante. Sua música “Typical Girls” questionava diretamente os estereótipos femininos: “Who invented the typical girl?”. Como disse Viv Albertine, guitarrista da banda: “Todos os garotos ao meu redor estavam formando bandas e tinham os heróis deles em quem se inspirar, enquanto eu não tinha ninguém. […] Eu podia pegar uma guitarra e tocar, simples assim”. Essa era a essência da revolução punk para as mulheres: a permissão para simplesmente ser e fazer.

Joan Jett personificou essa transição de forma dramática. Vinda das Runaways, uma banda fabricada e explorada pelo empresário Kim Fowley, ela emergiu como artista solo com “Bad Reputation”, um hino de autoafirmação. Ela montou sua própria banda, fundou sua gravadora (Blackheart Records) e provou que “uma garota pode fazer o que she wants to do”. Joan se tornou um ícone e uma inspiração, mostrando que era possível sobreviver à exploração e tomar as rédeas da própria carreira.

Pop, Provocação e Poder nos Anos 80 e 90

Enquanto o punk e a new wave abalavam o underground, o pop mainstream também via mulheres redefinindo as regras. Madonna surgiu como uma força da natureza. Mestra em manipular a própria imagem, ela usou a música e o vídeo para explorar temas de sexo, religião e poder feminino de uma forma inédita. “Express Yourself” (1989) era um chamado à independência feminina, um contraponto à “Material Girl” de anos antes. Madonna não pedia permissão, ela tomava o controle e abria caminho para que outras mulheres pudessem ser chefes de suas próprias carreiras e narrativas. Seu discurso no Billboard Women in Music em 2016 foi um testemunho poderoso das dificuldades enfrentadas: “Não há regras se você for um homem. Se for uma mulher, é permitido que você seja meiga e sexy, mas não pode parecer muito inteligente… E nunca, repito, nunca pode compartilhar as próprias fantasias sexuais com o mundo”.

Cyndi Lauper, com seu visual excêntrico e voz inconfundível, transformou “Girls Just Want to Have Fun” de uma música sobre a sorte masculina em um hino feminista universal. Ela celebrava a diversidade e a alegria de ser mulher, sem pedir desculpas. E ainda ousou falar de masturbação feminina em “She Bop”, desafiando a censura e mostrando que as mulheres também tinham direito ao prazer e à autoexploração.

Tina Turner, após anos de abuso e controle nas mãos de Ike Turner, ressurgiu nos anos 80 como um furacão. “What’s Love Got to Do with It” era a pergunta retórica de uma mulher que sobreviveu ao inferno e encontrou a força para recomeçar, tornando-se um símbolo de resiliência e libertação para mulheres em toda parte. Aos 45 anos, ela quebrou o tabu da idade, provando que nunca é tarde para reivindicar seu poder.

Janet Jackson, a caçula do clã Jackson, também teve sua jornada de emancipação. Com o álbum “Control” (1986), ela se libertou do controle paterno e artístico, assumindo as rédeas de sua carreira. Em músicas como “Nasty” e posteriormente no álbum “Rhythm Nation 1814”, ela abordou temas sociais e a aceitação do próprio corpo, tornando-se uma força influente no pop e R&B. Sua trajetória, no entanto, também mostrou a dureza com que a sociedade (especialmente a americana puritana) julga o corpo feminino, como no infame incidente do Super Bowl de 2004, que quase encerrou sua carreira enquanto Justin Timberlake saiu ileso.

A Fúria Alternativa e a Consciência Riot Grrrl

Os anos 90 trouxeram uma nova onda de mulheres que não tinham medo de serem raivosas, complexas e politizadas. O movimento riot grrrl, com epicentro no noroeste dos EUA, colocou o feminismo no centro do palco punk rock.

Kathleen Hanna, com o Bikini Kill, era a personificação desse movimento. Seus gritos de “All the girls to the front!” nos shows eram um chamado literal e metafórico para que as mulheres ocupassem espaço. “Rebel Girl” se tornou o hino de uma geração que se recusava a ser silenciada. Hanna e suas contemporâneas deram voz à frustração, à inadequação (“Feels Blind”) e à necessidade urgente de revolução. “Há sempre uma suspeita quanto à verdade de uma mulher: que você está exagerando”, desabafou Kathleen, expondo a invalidação constante que as mulheres enfrentam.

Courtney Love, com o Hole, era (e ainda é) uma figura polarizadora. Sua imagem caótica, letras confessionais e brutais (“Doll Parts”), e a relação turbulenta com Kurt Cobain a colocaram no centro de controvérsias. Mas sua música era um grito visceral sobre dor, perda, raiva e a complexidade da experiência feminina, desafiando a ideia de que mulheres deveriam ser apenas “boas” ou “más”.

Kim Gordon, baixista e vocalista do Sonic Youth, trouxe uma sensibilidade artística e uma presença de palco hipnótica para o rock alternativo. Em músicas como “Flower”, com o verso “Support the power of women / Use the word: Fuck / The word is love”, ela subvertia expectativas. Sua autobiografia, “A Garota da Banda”, revelou as dinâmicas de poder e sexismo mesmo dentro de uma banda considerada “democrática” e expôs a dor da traição pessoal e profissional. “Os jornalistas eram covardes, porque se sentiam aterrorizados pelas mulheres”, afirmou, sobre a crítica musical da época.

PJ Harvey surgiu como uma força singular, com sua música crua, letras intensas e uma recusa em se repetir artisticamente. De “50Ft Queenie”, onde se declarava a “rainha” no controle, a álbuns conceituais e politizados, Polly Jean Harvey sempre desafiou classificações, mantendo uma integridade artística feroz.

Björk, vinda da Islândia, trouxe experimentalismo e uma visão artística única. Desde seus tempos no punk com Kukl (“bruxaria” em islandês) até sua carreira solo inovadora, ela misturou eletrônica, pop, vanguarda e uma forte consciência feminista e ecológica. Em “Tabula Rasa”, ela conclama: “Break the chain of the fuckups of the fathers / It is time / For us women to rise…”.

Sinéad O’Connor, com sua voz angelical e atitude desafiadora, chocou o mundo ao rasgar a foto do Papa em rede nacional. Embora frequentemente reduzida a esse ato, sua música explorava dor, espiritualidade e protesto com uma honestidade desconcertante. A incompreensão e a hostilidade que enfrentou destacaram a dificuldade do mundo em lidar com mulheres que não se calam.

Lauryn Hill, com “The Miseducation of Lauryn Hill”, criou uma obra-prima do neo-soul e hip-hop, assumindo controle total da produção e composição. O álbum é uma aula sobre amor, maternidade, espiritualidade, racismo e a pressão da indústria, tudo sob uma perspectiva feminina negra poderosa e vulnerável. “Quem pode contar a minha história melhor do que eu?”, questionou, ao dispensar produtores externos.

Vozes Diversas, Legados Duradouros e o Caminho a Seguir

A virada do milênio e os anos seguintes viram a diversidade de vozes femininas se expandir ainda mais, embora as velhas lutas continuassem.

Tori Amos, com seu piano e letras confessionais, explorou temas como religião, sexualidade e trauma com uma intensidade única (“Leather”). Fiona Apple, desde sua estreia explosiva com “Criminal”, manteve uma carreira marcada pela recusa em jogar o jogo da indústria, com longos hiatos e uma arte intransigente. Sua vulnerabilidade e sua raiva sempre foram palpáveis.

St. Vincent (Annie Clark) emergiu como uma guitarrista inovadora e uma artista conceitual, desafiando normas de gênero não só em sua música, mas até no design de sua própria guitarra, pensada para o corpo feminino. “Se não estiver à mesa, você está no menu”, declarou, sobre a importância da representação feminina em posições de poder.

M.I.A. (Mathangi Arulpragasam) trouxe suas experiências como refugiada e sua visão política para o centro do pop global, misturando hip-hop, eletrônica e ritmos do sul asiático. Ela usou sua plataforma para falar sobre imigração, guerra e identidade, enfrentando críticas por “não se limitar a fazer música”.

Beth Ditto, com o Gossip, celebrou o corpo gordo e a identidade queer com energia punk e soul (“Heavy Cross”). Ela se tornou um ícone da moda e da autoaceitação, desafiando o “fascismo do corpo” e mostrando que beleza e talento vêm em todas as formas e tamanhos.

No Brasil, essa história também tem suas heroínas. Rita Lee, desde os tempos de Os Mutantes, enfrentou o machismo para se tornar a rainha incontestável do rock brasileiro. Expulsa da banda pelo ex-marido sob a alegação de não ter “calibre como instrumentista”, ela provou o contrário com uma carreira solo brilhante, cheia de ironia, irreverência e hinos como “Ovelha Negra” e “Agora Só Falta Você” (um claro recado de independência). Mais recentemente, Pitty surgiu como uma força no rock nacional, com letras que abordam o feminismo, a crítica social e a busca pela identidade, como em “Desconstruindo Amélia”. “O feminismo é bom para os homens também, para a sociedade, pois se trata de igualdade, não de supremacia”, afirma Pitty, mostrando a importância da luta contínua.

Tracey Thorn (Everything but the Girl), com sua voz melancólica e letras inteligentes, sempre refletiu sobre a experiência feminina, da juventude (“Air”) à menopausa (“Hormones”), com honestidade e sem tabus. Sua coluna no New Statesman e seus livros oferecem reflexões valiosas sobre música, feminismo e envelhecimento.

Cat Power (Chan Marshall) trouxe uma vulnerabilidade crua e uma beleza assombrada para o indie rock. Sua jornada foi marcada por lutas contra a insegurança e a pressão da indústria, mas sua música sempre ofereceu consolo e força, como em “Woman”, um dueto com Lana Del Rey que celebra a sororidade.

Betty Davis, a “Nasty Gal” original, foi uma pioneira do funk-rock, com uma atitude sexualmente explícita e um controle artístico que assustaram a indústria nos anos 70. Esquecida por décadas, sua música foi redescoberta e hoje é celebrada como fundamental, influenciando de Prince a Madonna.

Laurie Anderson, artista multimídia por excelência, usou tecnologia e storytelling para explorar política, linguagem e a condição humana. Sua música “Beautiful Red Dress” já denunciava a disparidade salarial décadas antes do tema ganhar os holofotes atuais.

Wanda Jackson, a “Rainha do Rockabilly”, foi encorajada por Elvis Presley a misturar country e rock’n’roll nos anos 50, abrindo caminho para mulheres em um gênero dominado por homens. Com sua voz potente e atitude desafiadora, ela provou que mulheres podiam, sim, “rockar”.

Tracy Chapman, com sua voz inconfundível e letras socialmente conscientes (“Fast Car”, “Talkin’ ’bout a Revolution”), trouxe o folk de protesto para uma nova geração, falando sobre pobreza, racismo e a luta por dignidade, sempre do lado dos mais fracos.

E até mesmo no hip-hop, majoritariamente masculino, Missy Elliott surgiu como uma visionária, compositora, produtora e rapper, quebrando barreiras com seus clipes inovadores e som futurista (“Get Ur Freak On”), tornando-se uma das artistas mais influentes de sua geração.

O Som do Futuro é Feminino (e Sempre Foi)

A jornada das mulheres na composição do rock e seus gêneros irmãos é uma saga de talento, resiliência, raiva, alegria, luta e, acima de tudo, criação. De Aretha Franklin transformando “Respect” em um hino feminista a St. Vincent desenhando sua própria guitarra, passando pela fúria punk das Slits e a introspecção política de M.I.A., essas mulheres não apenas fizeram música: elas mudaram o mundo, ou pelo menos a forma como o ouvimos.

Ainda há batalhas a serem travadas – pela igualdade salarial, pela representatividade nos festivais e nos cargos de poder da indústria, contra o sexismo, o racismo, a homofobia, a transfobia, o ageismo e a pressão estética. Mas, como nos ensina o legado dessas “Mulheres do Rock”, a música é uma arma poderosa. Elas levantaram a voz, contaram suas histórias, criaram suas próprias linguagens e, ao fazer isso, não só conquistaram seu espaço, mas construíram um novo mundo sonoro, mais rico, diverso e verdadeiro. A história continua a ser escrita, e o volume está cada vez mais alto.

Referência

Mulheres do Rock: Elas levantaram a voz e conquistaram o mundo. Laura Gramuglia. Livro 348 p. Editora Belas Artes.

Música sem Segredos
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