A Inovação Tecnológica
Cada vez mais a inovação tecnológica afeta os mais diferentes negócios incluido o mercado musical. Se no passado a utilização de harmonizações computadorizadas causaram discussões e resistências por parte dos mais tradicionais, ao mesmo tempo criou novas oportunidades para aqueles que abraçaram a nova tecnologia. A indústria de distribuição musical foi totalmente modificada com o streaming de músicas e grandes gravadoras foram simplesmente substituídas pelas novas empresas como Apple, Spotify, Deezer e outras. Os novos desenvolvimentos em inteligência artificial têm revolucionado não apenas a distribuição de conteúdo, mas também a sua criação. Pode-se questionar até que ponto uma composição musical produzida por inteligência artificial é arte ou não, mas o fato é que o mercado não faz esta distinção.
Doodle em Homenagem a Bach
No mês de março de 2019, a Google lançou um doodle comemorativo sobre Bach utilizando inteligência artificial que é capaz de harmonizar qualquer melodia inserida pelo usuário no estilo barroco de Bach. o modelo usado para este Doodle foi desenvolvido pelo time de inteligência artificial Magenta que é um projeto de pesquisa open source mantido pela Google para explorar machine learning em processos que usem a criatividade. o projeto Magenta é distribuído em linguagem Python ou Java, construído na plataforma Tensorflow. Foram utilizadas 308 composições de Bach para alimentar o sistema com dados que recriam o estilo do compositor através do aprendizado de máquina. De certa forma, o programa “aprende” a harmonizar como Bach “copiando” seu estilo. Mas como funciona isso? A inteligência artificial é criada a partir de dados existentes, e a partir do padrão de entrada é capaz de adaptar-se e produzir conteúdo novo. A grande sacada é a capacidade de aprendizado da máquina, que uma vez alimentada com mais exemplos, é capaz de utilizá-lo para melhorar o resultado final.
Redes Neurais
Outro projeto do grupo Magenta é o uso da inteligência artificial para gerar a partitura de um improviso a partir de um aqruivo de áudio previamente gravado, bastando fazer o upload do áudio e depois baixar o arquivo midi. O que o programa faz não é apenas colocar as notas na partitura, mas a partir de um arquivo de áudio, no formato wav, por exemplo, cria um arquivo midi que ao ser executado preserva a expressão da interpretação. A vantagem é que você não precisa gravar em midi podendo usar qualquer instrumento acústico ou mesmo a voz. Quanto mais dados, mais perfeito será o produto final. Você pode testar este exemplo visitando o site https://piano-scribe.glitch.me/ e fazendo o upload de seu arquivo no aplicativo online. Faça o teste. Grave sua improvisação e suba o arquivo na plataforma. Em poucos minutos terá o arquivo midi em suas mãos. Com esta tecnologia, não é preciso ter um teclado ou piano digital com saída midi para gerar sua partitura. Você pode usar qualquer instrumento acústico ou até a voz. Mais informação sobre este projeto pode ser acessada no link a seguir:https://magenta.tensorflow.org/onsets-frames
Álbum Musical com ajuda da Inteligência artificial
A cantora, modelo e You Tuber Taryn Southern compôs e lançou em 2017 um álbum entitulado I’m AI (Eu sou a inteligência artificial). Ela utilizou um software chamado Amper para elaborar suas composições. O vídeo a seguir mostra o clip de uma das músicas de Taryn.
Crie sua própria música usando Inteligência Artificial
Você pode criar sua própria música utilizando inteligência artificial e até usar em seus vídeos, bastando dar os créditos. O site Juckedeck.com faz isso para você. Basta fazer algumas configurações escolhendo gênero, tempo, instrumentos e voilá, o site gera uma música que pode ser baixada e utilizada com royalties free, bastando dar os créditos do site, é claro. Há possibilidade de comprar os direitos também. Vale a pena conferir. Criamos o vídeo as seguir utilizando as ferramentas do Juckedeck.
Robôs Regentes
Outra aplicação da inteligência artificial na música é o uso de robôs para reger uma orquestra. O robô Yumi da ABB regeu a orquestra Filarmônica Lucca em uma apresentação de Ópéra com a presença do tenor italiano Andrea Bocelli em 2017 no Teatro Verdi em Pisa na Itália. A tecnologia que torna isso possível é chamada de machine learning, e é a mesma usada no Doodle da Google ou nas composições usando o software Amber. Neste caso, o desenvolvimento da performance do Yumi foi feita em duas etapas. Na primeira, foram capturados movimentos do maestro durantes os ensaios da orquestra e a segunda etapa envolve o ajuste fino dos movimentos do robô sincronizados com a música. Yumi atingiu um alto grau de fluidez nos seus gestos e incrível levez e expressão.
Em 2008 o robô Asimo da Honda abriu a apresentação da orquestra Sinfônica de Detroit regendo a música Impossible Dream
O Impacto para os Músicos
Não acredito que a inteligência artificial irá substituir o compositor, mas disponibilizará ferramentas poderosas que facilitarão o processo criativo e irão revolucionar o ensino da música. Haverá impactos? Claro que sim. Pode ser que para alguns mercados o músico perca competitividade. Hoje é possível criar grandes composições e executá-las com um clique através de softwares que emulam uma orquestra virtual eliminando a necessidade de se contratar músicos para gravar uma trilha de filme, por exemplo. Esta tecnologia já é usada há tempos pelas grandes gravadoras. Com a inteligência artificial estes softwares ficarão cada vez melhores, baixando a quase zero o orçamento destinado à composição e execução da trilha sonora.
A nova tecnologia traz novamente uma grande mudança de paradigmas na indústria fonográfica e por que não dizer, na educação musical. Com o advento da computação, ficou muito mais fácil estudar música, entender seus conceitos e também usar a máquina para estudar. Com os novos desenvolvimentos nesta área, muitos irão reclamar, outros não aceitarão, mas aqueles que abraçarem a nova tecnologia e aproveitarem as novas oportunidades de negócios colherão os frutos.