Improvisando sobre a escala Dorica

Foto: Jean-Dominique (Pixabay)

A Escala Dórica

Neste post vamos trabalhar com a escala dórica, ou modo dórico como também é conhecida. Se você ainda não viu o post sobre a escala Jônica ou modo Jônico, recomendo que dê uma olhada nele, já que é o modo mais básico e representa a escala maior. Usaremos a escala maior como referência para montar as demais. Tomando a escala de dó maior que não tem nenhum acidente formamos o modo dórico começando em ré e terminando em ré, assim o centro tonal desta escala será o segundo grau da escala maior, ou seja, D, E, F, G, A, B e C.

Característica e Formação

Apesar de trabalharmos com as mesmas notas, o fato de descansar no segundo grau nos dá uma outra sensação musical. Se o modo jônico é mais alegre, característico da escala maior, o modo dórico será mais melódico, uma característica um pouco mais “triste” na música. Se no modo Jônico temos Tom, Tom, Semitom, Tom, Tom, Tom e Semitom ou de forma simplificada (TTSTTTS), no modo Dórico teremos Tom, Semitom,Tom.Tom, Tom, Semitom (TSTTTST). Perceba que houve um deslocamento dos graus da escala e esta configuração caracteriza uma escala menor, então o modo dórico é um modo menor.

Exemplo e Fórmula

Se comparamos com a escala maior ou modo Jônico de Ré temos para a escala maior: D, E, F#, G,A, B e C# e para o modo Jônico D, E, F, G, A, B e C. Percebemos então que para o modo Dórico o terceiro e o sétimo  graus são menores (IIIb, VIIb). A fórmula para encontrar o modo dórico é então , 1,2, 3b, 4, 5, 6, 7b, onde a letra “b” indica que o grau foi abaixado em um semitom em relação à escala maior ( ou modo Jônico). A escala de dó dórico fica então: C, D, Eb, F, G, A, Bb.

Acordes Possíveis

A escala Dórica pode ser usada para improvisar sobre acordes menores sem alteração (#5,b5,#9, b9, etc.) e pode ser aplicada sobre os seguintes acordes:  menor (Cm, Dm, etc.), menores com sexta ( Cm6, Dm6, etc.), menores com sexta e nona (Cm 6/9, Dm 6/9, etc.), menores com sétima (Cm7, Dm7, etc.), menores com sétima e nona (Cm7/9, Dm 7/9, etc.), menores com sétima, nona e décima primeira (Cm 7/9/11, Dm 7/9/11, etc), menores com sétima, nona, décima primeira e décima terceira ( Cm7/9/11/13, Dm 7/9/11/13, etc.) e acordes menores com nona adicionada (Cadd9, Dadd9, etc).

A escala dórica não possui em princípios notas a serem evitadas, porém, quando o segundo grau (IIm) faz cadência para o quinto grau (V) recomenda-se evitar o sexto grau para não criar dissonância. Lembrando que as notas a serem evitadas podem ser usadas como passagem, mas aos se descansar sobre elas provoca-se uma dissonância não desejada. A escala Dórica é também bastante usada no blues em tom menor podendo ser intercalada com a própria escala blues.

Exemplo em Ré Dórico ( II de C)

No exemplo a seguir mostramos a escala Dórica em Dm (II de C)  sendo executada junto com os diferentes acordes possíveis.

Acordes para o Modo Dórico (Dm – II de C)

Veja o exemplo no vídeo a seguir:

Improvisando sobre a escala Jonica

Foto: Jani Snellman (Pixabay)

A Escala Jônica

O conhecimento das escalas é essencial para o músico que quer improvisar ou  criar suas composições com harmonia mais elaborada. Neste post vamos falar da escala mais básica que é a escala Jônica.

A escala jônica é o primeiro modo da escala maior, assim se temos, por exemplo, a escala de dó maior a escala será a própria escala maior, ou seja C, D, E, F, G, A e B, já que na escala de dó maior não há nenhum acidente, ou seja, nenhum bemol ou sustenido. lembrando que as escalas maiores possuem  a seguinte relação entre as notas da escla: Tom, Tom, Semitom, Tom, Tom, Tom e Semitom ou de forma simplificada (TTSTTTS). Então se estamos na escala jônica de Ré, temos D, E, F#, G, A, B e C# , uma vez que na escala de Ré maior o fá e o dó são sustenidos (Se tiver dúvida assista o vídeo sobre o ciclo das quintas clicando aqui).

Modos Gregos

Ao todo são sete modos das escalas maiores: Jônico, Dórico, Frígio, Lídio, Mixolídio, Eólico e Lócrio. Na escalda de dó maior o modo Jônico vai de dó a dó, o Dórico de Ré a Ré, o Frígio de Mi a Mi, o Lídio de Fá a fá, o Mixolídio de sol a sol, o eólico de lá a lá e o lócrio de si a si. Eles possuem estes nomes porque eram escalas usadas na Grécia Antiga, especialmente na música litúrgica da idade média e levam os nomes das regiões onde eram usados, ou seja a Jônia, Naquela época, não havia uma sistematização das escalas, e cada região tinha sua maneira de organizá-los, obtendo diferentes formas de expressão.

O papa Gregório I foi o primeiro a organizá-los e por isso também podem ser chamados de modos gregorianos. Mais tarde, os músicos foram dando preferência aos modos Jônico e Eólico dando então origem às escalas maior e menor que conhecemos na música ocidental. Com a evolução da música, a criação da escala temperada passou a ser possível mesclar todos os modos e hoje são bastante usados para improvisações.

Improvisando com a escala Jônica

A escala Jônica é usada para improvisar sobre os acordes maiores que não possuem alterações (#5,b5,#9, etc) e pode ser aplicada sobre os seguintes acordes: Maior (C,D), maior com sétima maior (CM7, DM7), maior com sétima maior e nona(CM7(9), DM7(9), Maior com sexta (C6, D6), maior com sétima maior e sexta (CM7(6), DM7(6)),Maior com sétima maior, sexta e nona (CM7(6/9), DM7(6,9) e com nona adicionada (Cadd9, Dadd9).

O quarto grau da escala Jônica deve ser evitado ou utilizado apenas como nota de passagem, por ser dissonante ao acorde e deve ser resolvido meio tom abaixo, ou seja na terça maior. Exemplificando, se a escala é de dó e executo a nota fá não devo descansar sobre ela, mas resolvê-la imediatamente na terça que é a nota mi.

Exemplo

No exemplo a seguir mostramos a mesma melodia formada sobre a escala Jônica em dó soando sobre os diferentes acordes citados.

Escala Jônica e Acordes possíveis

Veja a escala em vídeo