A História do Samba no Brasil

Quem nunca se pegou batucando em ritmo de samba? Como já dizia Dorival Caymmi: “quem não gosta de samba, bom sujeito não é. Ou é ruim da cabeça ou doente do pé.

Hoje, eu quero compartilhar com vocês um tema muito importante na cultura brasileira: a história do samba. Esse é um gênero musical que se originou no Brasil e se espalhou por todo o mundo, conquistando corações e mentes com sua batida contagiante e letras cheias de significado. A história do samba é fascinante e rica em detalhes.

Neste post, vamos conhecer um pouco mais sobre a origem e a história desse estilo musical, além de destacar compositores e artistas que contribuíram para sua consolidação e popularização.

A origem e História do Samba

As raízes do samba vêm da África e sua origem no Brasil tem como data o final do século XIX. Naquela época, os africanos escravizados trazidos para o Brasil mantinham suas tradições culturais, incluindo a música. Em suas horas de folga, eles se reuniam para tocar e dançar, criando ritmos e melodias que eram uma mistura de suas tradições musicais africanas e das influências culturais brasileiras.

No início, o samba era considerado um gênero musical marginalizado e associado às camadas mais pobres da população. No entanto, com o tempo, ganhou popularidade e passou a ser reconhecido como um gênero musical legítimo e importante para a cultura brasileira.

O samba e o Carnaval

O Carnaval é uma das principais festas populares do Brasil e o samba é o ritmo que está intrinsecamente ligado a essa celebração. Desde os desfiles das escolas de samba até os blocos de rua, o samba é o som que embala os foliões em todo o país.

Os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo são um dos principais destaques do Carnaval brasileiro. 

As escolas de samba são agremiações que representam uma determinada comunidade e que competem entre si em um grande espetáculo que envolve música, dança, fantasias e carros alegóricos. O samba é o ritmo que embala os desfiles e que é composto especialmente para cada escola. Além das escolas de samba, os blocos de rua também são muito populares durante o Carnaval. 

Também é um elemento fundamental para as rodas de samba, que são encontros informais em que músicos e admiradores do gênero se reúnem para tocar e cantar. Essas rodas de samba são muito populares em todo o Brasil, principalmente nos bairros mais tradicionais das grandes cidades, como a Lapa no Rio de Janeiro e a Vila Madalena em São Paulo.

Compositores e artistas importantes

Ao longo da história do samba no Brasil, vários compositores e artistas se destacaram pela qualidade e importância de suas obras. Noel Rosa, que é considerado um dos fundadores do samba moderno tem uma extensa lista de composições. Suas músicas “Com que Roupa?” e “Feitiço da Vila”,  tornaram-se clássicos do gênero e são lembradas até hoje.

Outro grande nome do samba foi Cartola, que é conhecido por suas letras poéticas e suas melodias suaves. Suas canções, como “O Mundo é um Moinho” e “As Rosas Não Falam”, são verdadeiras obras-primas do gênero e continuam a ser interpretadas por artistas de todo o Brasil.

Outros compositores e artistas importantes da história do samba incluem João Nogueira, Clara Nunes, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Alcione, Arlindo Cruz, Dona Ivone Lara, Paulinho da Viola, Dorival Caymmi entre outros. Cada um desses artistas deixou sua marca no samba e contribuiu para a consolidação e popularização do gênero.

Além dos compositores, os intérpretes também são essenciais para a história do samba. Entre as grandes vozes que se destacaram no cenário musical brasileiro, podemos citar Elis Regina, Cássia Eller, Beth Carvalho, Clara Nunes, Alcione, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, entre outros. Esses artistas deram vida às obras de grandes compositores e ajudaram a difundir o samba para além das fronteiras brasileiras.

O Samba se torna Popular

O samba começou a se popularizar na década de 1920, quando as primeiras escolas de samba foram criadas no Rio de Janeiro. Eram grupos organizados que competiam em desfiles durante o Carnaval. Cada escola de samba tinha seu próprio enredo, fantasias, bateria e samba-enredo, que era a música que a escola cantava durante o desfile. Os desfiles de Carnaval se tornaram uma grande festa popular, e as escolas de samba se espalharam por todo o Brasil.

Durante as décadas de 1930 e 1940, consolidou-se como um dos gêneros musicais mais populares do Brasil. Grandes compositores e artistas surgiram nessa época.

A estrutura rítmica do samba é bem definida  e composta por dois tempos e um padrão rítmico característico. A sua fórmula de compasso é de 2/4, o que significa que cada compasso é composto por dois tempos e que cada tempo é subdividido em dois tempos menores. As batidas do samba são marcadas pelo famoso “tum-ti-tum-ti-tum-tum”, que é o padrão rítmico mais característico do gênero.

Já o samba-canção é um estilo musical brasileiro que surgiu na década de 1950, como uma evolução natural do samba tradicional. Esse estilo se caracteriza por letras mais românticas e melodias suaves, e foi influenciado pela bossa nova e pelo jazz. Compositores como Noel Rosa, Dorival Caymmi e Ary Barroso foram pioneiros na criação do samba-canção, que se tornou popular nas rádios e nas casas de shows do Rio de Janeiro.

A Influência do Jazz

A influência do jazz no samba brasileiro foi fundamental para a criação da bossa nova, que surgiu na década de 1950. Os músicos brasileiros, influenciados pelo jazz americano, começaram a experimentar novas formas de tocar e compor, incorporando harmonias sofisticadas e melodias mais suaves. Compositores como Tom Jobim e João Gilberto foram alguns dos pioneiros da bossa nova, criando canções que se tornaram clássicos da música brasileira, como “Garota de Ipanema” e “Desafinado”. A bossa nova é considerada uma evolução do samba-canção, mas com uma sonoridade mais refinada e moderna, que conquistou o mundo e se tornou um ícone da música brasileira.

Essa é apenas uma pequena amostra da rica história do samba e suas evoluções ao longo dos anos, que influenciaram não só a música brasileira, mas também o cenário musical mundial. Conhecer a história da música é uma forma de valorizar e entender a cultura de um povo, e se você se interessou por essa história, existem muitos produtos disponíveis no mercado que podem ajudar a aprofundar seu conhecimento sobre a trajetória do samba e de outros gêneros musicais. Seja através de livros, documentários, ou mesmo pela música em si, vale a pena explorar mais sobre essa fascinante história da música brasileira.

Para saber Mais

  1. Uma História do samba: as origens de Lira Neto
  2. Noel Rosa: uma biografia de João Máximo e Carlos Didier
  3. Contando a História do Samba de M.Cardoso, E.dos Santos e E. Ferreira
  4. Chega de Saudade: A História e as Histórias da Bossa Nova de Ruy Castro

Aprenda a usar as escalas e os acordes relativos

O que são escalas relativas? O próprio nome já diz que ela possui uma relação com outra escala. Em uma linguagem mais coloquial dizemos que são parentes, certo? Mas por que são chamadas assim? Porque possuem as mesmas notas e compartilham a mesma armadura de clave, porém pertencem a modos diferentes, pois uma é maior e a outra é menor.

A escala relativa menor

A escala relativa menor é um conceito fundamental na teoria musical e é utilizada em diversos gêneros musicais, incluindo o blues, o rock, o jazz e a música clássica. A escala relativa menor é derivada da escala maior, que é uma sequência de sete notas que segue um padrão específico de intervalos. A escala menor relativa começa na sexta nota da escala maior correspondente e segue a mesma sequência de notas, mas começa e termina em uma nota diferente.

Uma das principais funções da escala relativa menor é proporcionar uma mudança de tom na música. Por exemplo, se uma música está em tom maior, o compositor pode usar a escala menor relativa para mudar para um tom menor sem alterar radicalmente a melodia ou a harmonia. Isso permite uma variedade de possibilidades tonais e ajuda a evitar que a música fique monótona ou previsível.

O uso das Escalas Relativas

A escala menor relativa também é frequentemente usada para criar progressões de acordes interessantes e emocionantes. A progressão de acordes pode começar em um acorde maior e, em seguida, mudar para o acorde menor correspondente, o que cria uma sensação de tensão e liberação na música. Isso pode ser usado para criar uma sensação de drama ou para adicionar um elemento emocional à música.

Outra forma comum de utilizar a escala relativa menor é através da criação de solos de guitarra ou outros instrumentos melódicos. Muitos solos são baseados em escalas e arpejos, e o uso da escala menor relativa pode adicionar uma dimensão extra à melodia. A escala menor relativa também pode ser usada em arranjos de harmonia vocal, onde a parte principal é cantada em uma tonalidade maior e a parte secundária é cantada na tonalidade menor relativa. Isso cria um contraste tonal interessante e pode adicionar um elemento de tensão e resolução na harmonia vocal.

Por fim, é importante mencionar que a utilização da escala relativa menor é apenas uma das muitas técnicas que os compositores e músicos utilizam para criar variação e interesse na música. É importante estudar e compreender a teoria musical em sua totalidade para aplicar essas técnicas de maneira eficaz. Compreender a teoria musical pode ajudar os músicos a se tornarem mais versáteis e criativos em sua abordagem à música, abrindo possibilidades para novas ideias e abordagens musicais.

Centro tonal

Nas escalas relativas o que muda é o centro tonal e isso faz toda a diferença. A escala relativa menor inicia-se no sexto grau da escala maior (lembrando que a escala maior mantém sempre a relação tom, tom, semitom, tom,tom,tom, semitom). Então se estamos na escala de dó maior teremos C, D, E, F, G, A e B. Para encontrar o sexto grau basta contar até seis iniciando no dó e bingo! A escala relativa menor de dó maior é lá menor. Nosso centro tonal agora descansa no sexto grau da escala maior que será o primeiro grau da escala menor ficando: A, B, C, D, E, F e G. Percebemos então que agora mudou a relação entre os intervalos da escala, pois temos de A para B um tom, de B para C um semitom, de C para D um tom, de D para E um tom, de E para F um semitom e de fá para G um tom. Ou seja, tom, semitom, tom, tom, semitom e tom.

Escalas maiores e suas relativas menores

Sempre comparamos as escalas com a original maior então, se escrevemos os graus da escala relativa menor em algarismos romanos temos que em relação à sua escala homônima maior que no caso de lá menor é lá maior (A, B, C#, D, E, F#, G#). Se complicou, dê uma olhada em um dos nossos posts anteriores onde mostramos a construção da escala de lá maior. Então, recapitulando, temos que o terceiro, sexto e sétimo grau foram abaixados em um semitom. Isso nos dá a fórmula da escala menor ( no nosso caso a menor natural) que é I, II, IIIb, IV, V, VIb e VIIb.

Recapitulando, lá menor é a escala relativa de dó maior porque possuem as mesmas notas e compartilham a mesma armadura de clave, neste caso nenhum acidente. Então qual seria a escala relativa menor de lá maior? Basta contar até o sexto grau da escala e bingo! F# menor. Isto significa que se começar em F# e seguir G#, A, B, C#, D, E construímos a escala de Fá sustenido menor. Então se dó maior e lá menor compartilham a mesma armadura de clave e se lá maior e fá sustenido menor também, como saber se estou em um tom de lá maior ou de fá sustenido menor? A diferença fica clara quando você toca a música, pois ela está ancorada no centro tonal onde ocorrem as resoluções. Ouça as duas escalas relativas nestes dois tons e perceba a diferença de centro tonal.

Aplicação

Onde eu aplico isso? As escalas dão origem aos acordes e aos campos harmônicos que se combinam para formar as progressões que são as passagens de um acorde para outro. Assim, posso ter uma passagem pelos acordes relativos e enriquecer a harmonia da música. Dê uma olhada na passagem pelos relativos na canção popular Mulher Rendeira e depois ouça as duas versões e perceba como os acordes relativos enriquecem a harmonia.

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